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Thursday 28 February 2013

abrindo caminho

28 feb 2013


Começo esse post dando um alô muito especial aos leitores do blog: hello hello, você! J

Tenho recebido notícias aqui e ali de pessoas que lêem e gostam do blog. Muito obrigada pelo carinho.
Ademais, ontem conclui uma revisão em um dos capítulos de análise dos meus dados. Ah, como foi bom!!! De repente o passo andou, e o fato se deu.

É como tudo na vida, fazemos um movimento e as coisas acontecem. Eu já tinha tomado a decisão, em acordo com minha orientadora, de dividir os achados em dois capítulos, para não ter capítulos muito longos e também por coerência na organização do conteúdo.

Fazia dias demais que eu trabalhava nesse capítulo 6. Ontem concluí a digitação começando da pagina 16 e fui até o fim, página 45. Eu esboço, escrevo muito, planejo ‘cut1’ ‘paste1’ ‘copy’ ‘paste’, mas foi tanto ‘cut – paste’ que usei outros símbolos. Sou sempre cuidadosa na sinalização dessas revisões para não me perder tanto na hora de digitar. Deu tudo certo, apesar do trabalho longo e que exigiu uma atenção dobrada.

Agora, com essa revisão concluída, trabalho de novo no capítulo impresso, numa nova revisão, conferindo o que fiz. Vou com certeza adicionar mais dados, que já estão aqui no ponto, só esperando eu decidir onde e o que. Vou inserir mais falas / escritas dos participantes da pesquisa. Eu sei bem o que ainda tenho que fazer para ter uma versão do capítulo no ponto para mostrá-lo para a orientadora, que então lê e me devolve o material com mais um bocado de acertos para fazer.

E esbocei mais do capítulo 7, também de análise de dados; mas esse tá bem no comecinho. Tem gente que consegue fazer muito direto no texto, no computador. Eu tenho uma necessidade pessoal grande de ver as palavras no papel, de tocá-las, de riscar, mexer. É esse meu jeito e gosto de ser assim, apesar de saber que isso pode, talvez, ao fim e ao cabo levar mais tempo para concluir o mesmo trabalho. Cada pessoa deve encontrar seu jeito de ser produtiva.

Ah, como é bom caminhar. No caminho a estrada vai se construindo. A vida é boa.

Friday 22 February 2013

‘Minha alma canta’

22 feb 2013


Estou no Brasil desde o dia 21 de janeiro. A saída da Inglaterra foi inesperadamente problemática por conta da neve que caiu e atrasou e ou cancelou voos, parou muitas partes do país, sacrificou planos que eu tinha feito para antes de vir e por aí vai. A neve foi tanta que terminei ficando em casa na sexta-feira (18 jan), quando tinha tanto que fazer no escritório na universidade. Só no sábado, driblando poças de neve que derretiam nas calçadas, é que finalmente fomos na cidade comprar umas coisas – e encomendas da minha irmã – para trazer. Fui com uma lista enorme mas consegui fazer tudo, incluindo tirar as fotos para a renovação do meu visto de estudante.

Vim ao Brasil resolver assuntos pessoais / familiares, profissionais, e acadêmicos, porque cheguei e ali na mesma semana fui ao Rio de Janeiro fazer o meu visto. Tive a companhia maravilhosa da minha mãe para essa viagem. Adoro viajar, acompanhada. Os cinco dias no Rio foram maravilhosos. Fomos ao Vivo Rio ver o musical “A Família Addams”. O musical, com a Marisa Orth e o Daniel Boaventura à frente do elenco é sensacional, muito divertido, com iluminação e cenário primorosos. Também visitamos o Museu da República, no Catete, passeamos na marina da Gloria, em Ipanema, tomamos um café e compramos um livro na livraria da travessa, e tal e coisa. Rio de Janeiro tá muito lindo, como sempre, e aparentemente mais seguro.   

E tive os internáveis papos, que vão madrugada adentro, com meu querido primo Eduardo, e com o Murilo e com a Eliana e com minha mãe. Vale um registro para os afagos entre a mamãe e a Flora Rosa, a cachorrinha linda. Foi uma pena grande não ter encontrado meu amigo Antonio dessa vez. Eliana veio nos visitar na segunda-feira de noite e conversamos muito sobre a vida e sobre trabalho e estudo. Ela acabou de chegar de uma temporada de quatro meses na Universidade do Porto, onde desenvolveu parte da pesquisa do programa de doutorado dela, em psicologia. Passamos um bom pedaço conversando na cozinha, que é onde muitas coisas são reveladas, enquanto alguém frita ovos e outro alguém torra pães, para deleite de todos. Cheers to love.

Fomos (mamãe e eu) ao World Bridge, que fica na praia de Botafogo, para entrega de documentos para meu visto de estudante. Entreguei originais de tudo. Foi uma jornada juntar todos os documentos e responder aos questionários minuciosos. Na Inglaterra eu esbocei as respostas para os questionários e tive uma sessão no setor de visto da universidade com a Clare. Ela sabe muito sobre as exigências do governo britânico para vistos e me deu uma ajuda preciosa. Tudo resolvido, voltamos para Teresina. Estou com o visto renovado em mãos. Beleza!!!
“. . . minha alma canta . . .” (Tom Jobim)


Saturday 16 February 2013

filme: as mulheres do sexto andar

16 feb 2013



Carnaval foi tranquilo e feliz. Descanso e tempo para minhas leituras, um livro de deleite e outras leituras da pesquisa. Beleza. 

No domingo de carnaval fomos almoçar em Campo Maior, cidade a 84 kilômetros de Teresina, na fazenda da minha prima Suzanny. O dia foi ótimo, com muita conversa boa. O almoço foi na fazenda do Pedro, tio dela, ali pertinho. Um sem fim de comida: carneiro, porco, galinha caipira, cozido e muita carne em forma de churrasco. Comida deliciosa, mas assim carne e churrasco eu não posso comer, ou só posso provar e pronto. 

Resultado: na volta a Teresina Kassandra me levou para o hospital e lá ficamos por mais de três horas, tratando de uma crise grande de pressão alta que os excessos me renderam. Me preocupei demais com essa crise e tô de consulta marcada com o cardiologista para a próxima semana.

Saímos do hospital direto para uma loja de dvds. Fazia dias que eu estava com vontade de ver uns filmes. Bom, era domingo de carnaval, de noite, e quase todos os lançamentos tinham sido alugados. Mas ainda conseguimos pegar três filmes legais.

E finalmente assisti “As Mulheres do Sexto Andar”, comédia francesa de 2010.
Título original: Les femmes du 6ème étage

Diretor: Philippe Le Guay

Autores: Philippe Le Guay, 

Na Paris do começo dos anos 1960s a vida de um casal muda bastante com a presença de seis empregadas doméstica espanholas no prédio. Um bom filme, com elementos da cultura pra gente aprender e entender mais sobre as interações e a sociedade francesa da época. Porém, muito do que se vê no filme me parece atual.
O casal tem dois filhos arrogantes, que estão em escola de internato (boarding school). As espanholas terminam mudando totalmente a vida dessas pessoas, que levam uma vida estável, confortável, mas muito sem graça e sem vida, como a própria Suzanne (Sandrine Kiberlain) diz para as amigas. As mudanças maiores acontecem quando Maria vai trabalhar no apartamento do casal como empregada deles.
O ator Fabrice Luchini está excelente, mais uma vez, como em ‘intimate strangers’, outro filme francês que eu gosto muito. Eu adoro o cinema francês. Bom também ver a maravilhosa Carmen Maura.
E a pressão normalizou e o carnaval seguiu, tranquilo, como eu gosto. 

Saturday 9 February 2013

o espirituoso Okon

9 feb 2013



O Okon é um amigo da Nigéria, muito engraçado e espirituoso. Cidadão britânico, morou no Reino Unido muitos anos, depois mudou-se para o Japão, onde morou por mais de 10 anos e é casado com uma japonesa. Em 2009, Okon começou o doutorado na Universidade de Southampton, pagando tudo sozinho, sem bolsa de estudo. Veio para ter outras e melhores possibilidades no futuro. Ele tinha feito um mestrado em Linguística Aplicada.
Ele dividiu um apartamento com o Tee, nosso amigo Tailandês. Eles ofereceram um jantar nigeriano e tailandês para mim e Kassandra e Mike em setembro 2011. Outro dia ele me deu feijão nigeriano, muito parecido com o nosso feijão verde. Muito gostoso.
O Okon concluiu sua tese de PhD em agosto do ano passado, a submeteu para os examinadores, e foi em seguida assumir o emprego de professor numa universidade no Qatar. O emprego veio com o título de mestre que ela já tinha. Quando tiver o diploma de doutor em mãos vai melhorar mais ainda. Emprego excelente com salário para fazer uma diferença na vida. Muito merecido! Agora no comecinho de fevereiro foi a defesa da tese, que teve como contexto de estudo o Japão e o tema foi ansiedade no aprendizado de língua estrangeira. Ele diz sempre que o povo japonês é tímido e reservado. Isso tem um reflexo nas interações que são propostas em sala de aula de inglês, por exemplo. A defesa da tese foi tranquila e agora meu amigo é Dr Okon.
A defesa da tese do Okon terminou demorando muito para acontecer, a contragosto dele. Mas é assim, o que não depende só da gente não se define como nem quando a gente deseja. Aliás, mesmo quando depende só de nós nem sempre conseguimos do jeitinho do nosso desejo. Ele tinha me dito há um tempo que estava louco para essa defesa acontecer logo, para ele poder tirar a tese do 'sistema' dele. Eu sei como é isso.
No começo do doutorado o Okon teve problemas sérios de referencial teórico para desenvolver a pesquisa. Esses problemas ficaram claros na apresentação de primeiro ano. Segundo ele, jogou no lixo todo um ano de trabalho, leituras, e muito material já escrito. Ele me disse que perdeu apenas o tempo, mas aprendeu muito e encontrou um foco que seria possível para sua pesquisa e a ele se entregou.
Trabalhou para conseguir dinheiro e se manter. Durante o doutorado ele passou oito meses no Japão, trabalhando de lá e coletando dados para a pesquisa. Eu perguntei como ele conseguiu virar tão completamente um jogo confuso no primeiro ano por um trabalho produtivo e com a perspectiva – incrível – de concluir tudo em tempo record. Ele apontou para as ‘partes’ e disse ‘kalina, isso aqui não tá trabalhando, só isso aqui’, agora apontando para a cabeça. Okon é terrível. Morremos de rir, claro.
Sempre conversamos muito. Por enquanto nos restam emails. Ele é um amigo querido. Antes de ir assumir o emprego no Qatar foi à Nigéria por quatro semanas, ver o maior número possível de familiares. Okon riu muito dizendo que tinha ir lá naquele momento, agosto passado, na condição de estudante, portanto pobre e desobrigado de levar presentes para muita gente, pela última vez.
No funeral do pai dele, há uns três anos, havia trinta e nove irmãos. Do que ele consegue contar, são quarenta e sete, entre irmãos e irmãs. O pai dele foi um homem de vida ocupada, casou-se várias vezes. Quando era criança Okon conviveu, numa casa grande, com cinco ou seis mulheres de seu pai e um tanto de criancas. Em casa era feito o rodízio de roupas e dividida a comida, nem sempre farta. Fí-lo me prometer que vai escrever um livro contando a vida dele, depois que ele contou essa e muitas outras histórias maravilhosas da vida pessoal dele para mim e pro Tee num jantar de despedida dele no restaurante La Margherita, em Southampton. Nós três compartilhamos área de estudo, linguística aplicada e a mesma orientadora. Comida boa, papo excelente com muitas gargalhadas, e uma vista linda do porto.