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Wednesday 31 July 2013

Os dias e o capítulo 7


31 july 2013


Final de semana passado, de 19 a 21 de julho, foi ótimo. Na sexta-feira de tarde tive reunião com minha orientadora, que gostou do que tenho feito e aprovou meus planos para o que está por vir na tese. Agora ela está de férias e vai para Zâmbia, na África, encontrar o filho que  hoje vive e trabalha na Líbia. Ele tem 25 anos e faz um trabalho fascinante junto a órgãos de ajuda internacional. Ele morou antes em Zâmbia e disse para a mãe que lá é muito lindo. Ela vai sonhando em apreciar os pássaros, o que é um hobbie popular na Europa.

Às três da tarde, quando voltei para o escritório esse estava com cara de fim de semana, até com luzes apagadas. Hanadi, minha colega árabe que sempre fica até mais tarde no escritório tinha ido embora. Ela me disse que não tá aguentando ficar muito tempo esse dias porque está fazendo o Ramadan, o mês sagrado para os muçulmanos e quando eles vivem um jejum obrigatório durante todo o mês, sem comida ou bebida desde a hora em que o nasce até a hora em que o sol vai embora. Ai eu também fui embora mais cedo.

Na noite de sexta-feira fomos jantar no restaurante italiano Scoozi, em Oxford street, aqui mesmo em southampton. Comemos calzone e uma entrada boa danada. Depois do jantar fomos ao White Tavern, um pub ali na rua. Aqui um jantar, ou uma noite, nunca termina no restaurante original. Inglês adora esticar mais um pouco bem ali em outro pub. A noite já estava mais fria. Nesses últimos dias a temperatura baixou um pouco, a chuva voltou, o sol ficou mais tímido; e assim o verão inglês se nos apresenta em sua forma mais conhecida.

Oxford street é uma rua muito charmosa. Em dois quarteirões se concentram restaurantes: indiano, italiano, pizzaria, inglês, espanhol, mexicano, e o brasileiro ‘casa brasil’, além de pubs e uma brasserie. A rua ferve de gente nas noites e no verão as calçadas são ocupadas com mesas de pessoas aproveitando a brisa [rara] da noite. Oxford street fica a apenas mais uma rua do porto, de onde saiu o navio Titanic. Lá tambem tem o pub ‘the grapes’. A lenda diz que seis membros da tripulação foram para ‘the grapes’, entre eles três irmãos, antes de embarcarem na fatídica e única viagem do Titanic. E aí que os seis se esqueceram do tempo e perderam o navio. E assim o pub, que era um dos favoritos entre tripulantes e viajantes, ficou famoso por dar boa sorte a seus frequentadores.

No domingo, dia 21, fomos ao churrasco de aniversário do Matheus. Que delícia de encontro e conversa com Steve, cumade Eliane, Lucas, Matheus e Denis. Entre as delícias tinha farofa, feijão com jeito brasileiro e salada, além de uma variedade de carnes. O Denis, amigo do Lucas, é de Teresina e mora em Londres.


No domingo de noite fomos ao ótimo show do Simone Felice, no Railway, in Winchester. Foi o terceiro show dele que eu vi. 

Começamos uma nova semana e aqui sigo eu, com o capítulo 7. De vez em quando eu sinto uma alergia. É como sinto quando não consigo nem tocar no meu texto. É cíclico: trabalho, leio, escrevo, reviso, imprimo uma versão desenvolvida do capítulo. E aí me vem essa exaustão, que me faz sentir duplamente cansada. Não aguento. É como se eu não pudesse ter muitos dias a fio com produção brilhante. Depois de uns dias inspirados sempre me vem assim esses dias nulos, ou quase nulos.

Quando trabalho faço coisas muito legais nas sessões do capítulo. Quando o dia é zero, como hoje, não sai nada. Hoje apenas me doi o pescoco, doi muito. Vontade de ir pra casa e dormir, mas sei que mesmo em casa não vou conseguir descansar e aliviar essa tensão. Talvez até durma, porque tô me sentindo exausta, mas qualquer uma ou duas horas de sono vão estragar minha noite. Parece um desligamento que vai alem de mim.

Espero que amanhã, sendo outro dia, me traga possibilidades felizes. Tenho ainda que começar a esboçar a segunda grande parte deste último capitulo de análise dos dados, que se referem à terceira fase empírica da minha pesquisa. To meio blah.

Thursday 25 July 2013

Cider

25 july 2013


Cidre’, ou ‘Cider’, é uma bebida alcóolica feita de suco de fruta, geralmente de maçã, pêssego ou pera; mas já tomei uma de blackcurrant. A mais popular é a de maçã. O Reino Unido é campeão mundial tanto na produção como no consumo de cider. A Stella Artois tem 4.5% de teor de álcool. Cider é uma bebida popular o ano inteiro.

Está acontecendo aqui um festival de ‘cider’. Já pensou na diversidade que eles tem? O festival acontece no pub The Giddy Bridge. Esse pub faz parte de uma rede de pubs aqui no Reino Unido, chamada Wetherspoon, que vende comida e bebida a preços bastante acessíveis / irresistíveis, com frequentes promoções para café da manhã e para refeições. Aqui em Southampton tem quatro pubs dessa rede, onde já comi várias vezes. Eles servem uma simples e previsível comida de pub, mas eu acho legal.

Para você ter uma idéia do preço da bebida no Giddy Bridge, duas pints [uma pint é um copão de 568.26 ml] de cerveja custam £ 3,58 libras, enquanto que mesmas duas pints de uma cerveja similar custam £ 7,70 libras num pub diferente ali na esquina. Esses pubs são lotadíssimos de noite, mas todo pub que vejo por aqui é sempre bem frequentado mesmo.

Cheers!

Tuesday 23 July 2013

De volta ao batente

23 july 2013



Saí de Teresina no sábado, dia 20, no vôo de 12h:40 para Fortaleza, de lá fui para o Rio de Janeiro, de onde saí para Londres em torno de meia noite.

Eu já estava me arrumando para sair, quando a titia me ligou, e me falou coisas lindas. Ela disse que estava me ligando para me dar um abraço muito grande porque [sábado] era o dia do amigo e eu sou uma amiga muito especial para ela; uma pessoa que ela admira, ama, e em quem acredita e confia. Pense como esse telefonema aqueceu meu coração judiado. Aí a Manuela, minha irmã de coração, foi me levar no aeroporto com a mamãe. Essa despedida foi difícil, mas segui.

Desembarquei em Fortaleza para passar ali quase quatro horas, quando vem ao meu encontro a surpresa mais maravilhosa: meu primo Júnior foi encontrar comigo no aeroporto. Me sinto abençoada por ter tantas pessoas especiais ao meu redor. Almoçamos e conversamos um bocado. Ele ficou comigo até minha entrada na segurança. Um abraço apertado, ele se foi e eu segui, mais feliz.

No Rio de Janeiro foi legal a espera porque fiquei conversando com um pessoal que veio no mesmo vôo que eu. Eu gosto às vezes de conversar com quem não conheço, pra escutar estórias novas. É olhar para a pessoa e perguntar ‘pra onde você vai?’. Parece que a pessoa tá só esperando essa pergunta para contar um monte de si.
 
E embarcamos na viagem longuíssima de quase 12 horas até Londres. Entrei no avião e falei para um comissário de bordo que tinha viajado com ele para o Brasil 10 dias atrás. Ele olhou pra mim e disse ‘a senhora tava sentada ali do outro lado’. Pronto, imagine aí o bom trato. A viagem foi tranquila, mas dessa vez não consegui ler nada e nem sequer procurar um filme para assistir. Dormi um pouco e o que mais fiz foi acompanhar a viagem pelo mapa para saber onde eu estava. Nada mais.

Descemos em Londres alguns minutos antes do previsto, que era pra 3h20 da tarde. Viemos do aeroporto direto para casa. Como o dia estava lindo e ensolarado Mike tinha planejado um churrasco para a gente no quintal de casa. Tomei um super banho para espantar o cansaco, vesti uma roupa fresquinha e curtimos um churrasco gostoso. Tinha mini burgers, linguiça, salmão, espeto de frango com chorizo espanhol e pimentão, e três tipos diferentes de salada: de batata, de repolho com queijo e cenoura e mais um molhinho [coleslaw], e caesar salad. Estava tudo ótimo, e deliciosamente leve. Ah, a gente come churrasco aqui com pão [comi só um].

Foi maravilhoso ficar sentada ao ar livre depois de praticamente 24 horas dentro de aeroportos e aviões. Entramos quase 8h00 da noite, ainda com luz do dia. Acho que comi um bocadim além da conta; mas sendo churrasco já viu, né. Foi nosso terceiro churrasco nesse verão de dias longos e bonitos. Ficar em casa nesse programa refrescante e à vontade me fez recuperar as energias.

Fui dormir quase meia noite mas consegui ir para a universidade ontem, segunda-feira, de manhã cedo e trabalhar até quase 5h30 da tarde. Fiz um serviço importante no capítulo 7. Meu Deus do Céu, como tem coisa pra fazer ainda. Quisera eu ser mais rápida e mais concentrada. Gosto da minha alma artesanal e desacelerada, mas tem hora em que correr pode ajudar.

Na universidade ganhei um monte de abraços demorados e calorosos de muitos amigos. Chorei litros. Comigo não tem jeito: mencionou a dor, a torneirinha abre.

Às 6h00 da tarde fomos fazer uma caminhada feliz no Riverside Park, um park lindo que tem aqui, às margens do rio Itchen. Mais tarde cumade Eliane passou para pegar uns presentes que a família mandou para ela do Brasil. Soltamos boas gargalhadas.

Querido leitor, a cumade Eliane é de Teresina e hoje mora aqui em Southampton, casada com um inglês. Vou escrever sobre ela em breve. Se voce gostaria de fazer uma pergunta a ela comente aqui que eu transmito sua pergunta a ela e a resposta vem no post sobre.

Friday 19 July 2013

as regras da casa

19 july 2013


Quando recebe visitas em sua casa por uma temporada, curta ou longa, você passa regras ou instruções? Não há necessidade?

No comecinho de julho teve início o programa ‘pre-sessional’ na universidade. O programa traz um contingente enorme de gente nova para a universidade, tanto profissionais / professores como alunos. Esse ano me parece que são em torno de 1.400 alunos.

Eu trabalhei no pre-sessional nos anos 2009, 2010 e 2011. No primeiro ano dei aula de academic writing [escrita acadêmica] e nos dois seguintes fui independent learning tutor, que é uma função de apoio acadêmico, parte em aulas e parte em atendimento individual dos alunos. Os verões dos anos seguintes eu tenho dedicado ao PhD. O pre-sessional acontece no verão e tem o propósito de preparar os alunos que vem estudar na universidade mas não apresentaram o mínimo de 6.5 na nota do IELTS, o teste de proficiência em inglês que as universidades britânicas requerem para acesso de estrangeiros que não falam inglês como primeira língua. Ao final do curso o aluno precisa atingir esse mínimo de 6.5 para passar e ir fazer o curso que deseja no departamento onde se inscreveu. A avaliação final é feita por um trabalho escrito [essay] e por uma apresentação desse projeto. É um programa super super bacana e muito intenso. Nele o aluno trabalha exaustivamente as habilidades linguísticas de falar, escutar, ler e escrever.  

E então que umas duas semanas antes do curso começar cópias desse cartaz foram colocadas no banheiro, em todas as portas do toilete. Achei interessante e uma pessoa me confirmou que deve ser mesmo para talvez falar de algumas diferenças culturais e ajudar os novos moradores a aderirem a novas regras ou modos na vida privada.

E pensando nisso comecei a imaginar se eu falo das regras de nossa casa quando chega uma visita, por algumas horas ou por alguns dias. Não, não falo. Falo apenas de alguma advertência por questão de segurança, se for necessário.

Interessante que isso me fez lembrar de um episódio que se passou comigo em Saint Petersburg, na Florida, em 1998, quando eu morava lá, dividindo um apartamento com meu querido amigo Neno [Hilton Junior]. Estávamos esperando a vinda do furacão George, que ia fazer um estrago para arrasar mesmo com as cidades por onde lançasse sua fúria. Foram dias de medo. Minha amiga Verônica, que à época morava no Wisconsin, me telefonou e me ofereceu passagem para ir para a casa dela, mas era tarde demais e os aeroportos estavam fechados. Fiquei ali mesmo e fizemos, como toda a cidade o fez, um plano para passar os dias em segurança e com comida e água, no nosso apartamento, que ficava numa regiao branca. Isso significava que íamos sofrer com o furacão mas podíamos ficar em casa porque aquela não era zona de evacuação. 

Cozinha abastecida com comida e água, chegaram os hóspedes para a temporada difícil no nosso abrigo pessoal: meu amigo Antonio, do Rio de Janeiro, uma amiga venezuela e mais um rapaz mexicano, amigo da nossa amiga. Pois não é que ele estacionou no carpete da sala e ali ficou pedindo chocolate e assistindo novelas mexicanas sem uma trégua no controle remoto para ninguém. Naquela época eu assistia a muuuuitos vídeos de música no canal MTV e em outros canais, e assistia com frequência, como ainda assisto, filmes, documentários e noticiários na tv. Deu vontade de pedir pra ele ir bem ali na esquina ver se o furacão ja estava vindo. O apartamento era um quadrado que tinha dois quartos, um banheiro, uma sala e uma cozinha. O pobre hóspede não tinha mesmo muitas opções de espaço, mas sequestrar o controle remoto não foi engraçado. Não falamos nada pra ele, o furacão desviou de rota e nosso carpete e nosso apartamento eram todos nossos de novo.

Uma amiga da Inglaterra agora recebeu uma hóspede e disse inclusive que a garota não pode usar o fogão e nem entrar no apartamento usando sapatos, que devem ser deixados num pequeno móvel ao lado da porta de entrada. Essa segunda regra aí é bastante comum e já vi acontecer várias vezes, tanto na Inglaterra como nos Estados Unidos. A pessoa tem um apartamento com piso de carpete e certamente uma forma de manter o carpete limpo e evitar pisar nele com sapatos sujos da rua.

E você, fala sobre as regras de sua casa para as visitas? Você fala de limites no que a pessoa deve fazer?

____________

E tal e coisa

Querido leitor, sobre o que mais você gostaria de ler no blog? Amanhã retorno à Inglaterra e vou falar mais sobre os brasileiros que ali moram. Há alguma coisa que você gostaria de perguntar a alguém que mora lá [de vez ou por um periodo como estudante]? Por favor, escreva suas sugestões e pedidos nos comentários e vou tentar lhe responder no quanto eu conseguir.

Comi queijo coalho assado delicioso, baião de dois, peru, tomei sorvete de coco e de tapioca, vi meu povo, família e alguns amigos, vivi momentos dolorosos e outros bonitos, e renovei minha alma.

Mesmo às vezes sendo muito dura, a vida é boa. Tchau, Teresina meu amor. Vou escrever de novo de Southampton. 

Tuesday 16 July 2013

Chef Morena: morangos macerados

16 july 2013


Corte, numa vasilha pequena de louça [usei uma meio funda de cereal], pedaços não muito miúdos de morangos [uma caixa].

Adicione uma colher de sopa não cheia de açúcar [misturei demerara crocante com açúcar comum] e uma colher de chá de vinho, de preferência do porto [usei uma colherinha de vinho branco mesmo].

Cubra com um filme plástico ou com a tampa do recipiente.

Leve o preparo à geladeira para passar a noite. Os morangos ficam bem curtidos, macios, cheirosos e saborosos.

Sirva como sobremesa no jantar do dia seguinte, com uma chuvinha de creme de leite. Se os ventos estiverem soprando a seu favor, o que aconteceu comigo vai se repetir com você e a chuva de crème de leite vai ser generosa. Deus perdoa quando é por acidente.

Pode tambem servir juntamente com uma fatia de torta.

Morango macerados são deliciosos, principalmente quando a gente compra aquela caixinha linda e bem vermelhinha, mas quando vai comer os danados descobre que eles são azedos.

Sunday 14 July 2013

Carta a Joaquim Mamede Lima

13 july 2013

Papai e seu bisnetoArthur

Teresina, 12 de julho de 2013

Querido Papai,

Estou lhe escrevendo essa carta em nome de todos os filhos: Rui, Venício, eu Kalina [a moreninha], Kassandra [a loura], titia Luíza, Dannyell [o amigão, e protegido], Dillyane, e Dannillo [o lourão do papai]. Nós somos seu legado mais real e indestrutível da vida. Em nós o senhor continua de tantas formas: no nome, nos trejeitos, na honestidade, na teimosia, nos excessos, na alma sonhadora, na disponibilidade de ajudar os amigos a qualquer hora, e de fazer amigos com incrível facilidade, no espírito empreendedor e resolvedor de problemas, na pontualidade japonesa. Sim, os ingleses chegam na hora, os japoneses bem antes da hora, como era seu praxe.

Me perdoe não ter podido estar ao seu lado durante sua temporada no hospital. Meu pensamento estava sempre com o senhor, certa de que meus irmãos e sua companheira Gorete estavam fazendo por eles e por mim, com incansável amor e zelo.

Acredito que vários de nós dormimos bem nos dias em que sua saúde melhorava, renovando esperanças na sua recuperação. Passei dois dias inteiros lembrando do senhor cantando ‘eu vou pra maracangalha’ quando éramos crianças. Eu tinha certeza que essa canção, do Dorival Caymmi, era de sua autoria, para nós. Soube então que o senhor piorou um pouco e fiquei com minha memória solta, confusa, deslocada, e sentindo que as informações mais pesadas me eram passadas com alguma suavidade, talvez necessária a todos nós, para conseguirmos atravessar aqueles dias escuros.

Tenho lembrado de tantas coisas da minha infância, sempre com a presença de livros e de musica eclética e feliz em nossa casa. Lembrei que sabia [será que ainda sei?] o repertório do Nelson Gonçalves. E gostava do que você e minha mãe, Benilde, gostavam: Sílvio Caldas, Ataulfo Alves, Linda Batista, Dalva de Oliveira, e outras pérolas que despertaram em mim uma paixão pela música, que traz leveza para a alma. Tudo isso permanece em mim, claramente como legado precioso da criação que recebi.

As orações e incontáveis manifestações de apoio e carinho de amigos [seus e nossos], familiares e até de quem não nos conhece pessoalmente nos tem confortado e preparado para essa separação, que é física apenas, de forma menos dolorosa e mais serena. Vim a Teresina para participar dessa cerimônia de despedida. Tenha a tranquila certeza de que seu papel na terra foi cumprido com louvor, muita simplicidade, dignidade, e lisura; o que tem sido confirmado nas notas e homenagens na imprensa e em depoimentos de amigos.

Desejamos agora que o senhor siga sua jornada, que será ao lado dos seus filhos queridos Henrique Jorge e Kátia Maria e de seus irmãos / amigos do peito José Machado e Antonio Machado, no reencontro com seus pais, vovô Joaquim e vovó Ritinha, e de muitos novos amigos.

Ficamos aqui, firmes e seguindo nossa caminhada, com sua marca em todos nós, e agora também nos miudinhos Maria Gabriela e Arthur, sua neta e seu bisneto que tiveram a alegria de brincar com o vovô Mamede. Te cuida, lindão.

Paz e Luz,

Dos seus filhos Rui, Venicio, [eu] Kalina, Kassandra, titia Luíza, Dannyell, Dillyane, e Dannillo

Post scriptum:
1.     Estou em Teresina. Cheguei no final da tarde de quinta-feira e volto para a Inglaterra no próximo sábado, dia 20.
2.     Esta carta, que escrevi em nome de todos os irmãos ao nosso pai, Joaquim Mamede Lima, foi lida ontem, 12 de julho de 2013, na missa de sétimo dia de falecimento dele. A missa foi linda.
3.     A saudade é a presença da ausência. 


Monday 8 July 2013

Meu Pai

8 july 2013


ontem de tarde recebi um telefonema da minha irma Kassandra falando que nosso pai havia piorado bastante e que o risco de falecimento em ate 48 horas parecia inevitavel. menos de duas horas depois ela ligou de novo para avisar que ele havia partido. que seja leve sua jornada, meu amor.

meu Pai, Joaquim Mamede Lima, eu amo voce. que saudade dolorosa e confusa, meu Deus. nao consegui embarcar hoje para estar presente logo mais de manha ao velorio, mas estou planejando minha ida para estar junto dos meus nesse momento mais desconcertante e dilacerante da vida.

Pai, hoje vou de novo fazer uma oracao para voce, pensando em voce. nosso amor transcende a vida, ele eh nos e o que eh feito de nos pela nossa convivencia. assim voce estara sempre junto de mim. que seu caminho seja de paz e serenidade.

Saturday 6 July 2013

O capítulo 6

6 july 2013


Semana passada, depois de uma longuíssima jornada, mandei meu rascunho completo do capítulo 6 para apreciação da minha orientadora. Ela vai ler o material e me mandar de volta com comentários para eu fazer - é sempre assim - ainda mais alguns acertos, para chegar à versão final. O capítulo 6 é composto de:
11.782 palavras
157 parágrafos
Em 37 páginas.

Some a isso muitos rascunhos impressos e trabalhos às vezes no texto todo até que, finalmente, tomei a boa decisão de trabalhar por sessão. Isso resultou em um trabalho bem melhor, e me libertei da angústia do texto ser tratado por inteiro de uma vez só. Por esse número de páginas você imagina que é um texto longo, do tamanho ou talvez maior que algumas monografias de pós. Um capítulo apenas.

Agora estou trabalhando no capítulo 7, que traz a segunda parte da minha análise de dados. Tenho trabalhado tanto, seis dias por semana, de segunda a sexta na universidade, e algumas horas em casa aos sábados. Quando o trabalho rende bem fico feliz e tranquila para fazer alguma coisa legal no sábado de noite e no domingo todo. Engraçado como às vezes passo muitas horas no escritório e ao final do dia não fiz muito; mas em casa, decidindo trabalhar por três horas apenas, sento, junto o material, e faço direto um bom trabalho, que me liberta para ir ser feliz ali e acolá e aqui. Adoro esse equilibrio entre obrigação e prazer.

Ontem saí do escritório às 7 da noite. Fui a última a ir embora, e o campus estava quase vazio naquela hora que é praticamente fim de semana. Apesar do silêncio, sempre encontro alguém quando vou na cozinha pegar água, para beber ou para chá ou café. A caminho de casa passei no supermercado e comprei massa fresca para o jantar: tortellini recheado com espinafre e ricotta e um molho de tomate com mangericão. É só cozinhar a massa e esquentar o molho, e em poucos minutos tá pronto o jantar ótimo. Botei um pouco de blue cheese e parmesão por cima do tortellini.

E hoje decidi ficar em casa, trabalhar de casa, mudando meu plano inicial de ir pra universidade, porque tô precisando de mudança e descanso. Trouxe meu laptop pra sala de tv e tô trabalhando um pouco e vendo tv. Tão bom. Ontem mesmo lavei roupa, que passou a noite na máquina de lavar e só foi extendida hoje de manhã. Tenho um outro tanto de coisas para fazer em casa também. Talvez mais tarde eu passe roupa. Talvez. Vamos ver o que o dia me inspira. O sol brilha lindo lá fora.  


Gosto muito de uma máxima que minha professora de italiano me ensinou, porque ela é pertinente na vida, quase o tempo todo: “prima il dovere, dopo il piacere”.          

Wednesday 3 July 2013

Londres: Sebastião Salgado & Tim Burgess & Lambchop

3 july 2013


Já estive na linda Londres, que adoro, não sei nem quantas vezes. Mas sempre que vou tenho duas alegrias: uma por estar indo para aquela cidade que é um poço sem fundo de coisas sensacionais pra gente ver ou fazer; a outra alegria é que não moro lá. Acho cansativo o trânsito e o movimento intenso do monte de gente, o metrô lotado em certas horas do dia, com algumas estações tão grandes que a gente tem que caminhar um bocado mesmo dentro delas. Isso não me atrai mesmo como projeto de vida. Gosto de conforto e um pouco de lentidão.

E então que no domingo, 23 de junho, fomos para Londres, mais uma vez, com uma programação super:

1. Fomos direto para o Museu de Historia Natural [Natural History Musem - http://www.nhm.ac.uk/index.html] visitar a exposição Genesis, do brilhante fotógrafo brasileiro Sebastião Salgado. A exposição fica aberta até o dia 8 de Setembro de 2013 e é imperdivel para quem aprecia fotografia, o trabalho do Salgado, ou tem amor pelo nosso planeta. É uma viagem entre os continentes em imagens em preto e branco de paisagens, vida selvagem, e comunidades remotas. A entrada custa 10 libras. Paguei 5 libras com minha carteira de estudante. Atenção: se você for visitar apenas o museum, a entrada é gratis. No site do museu tem um link para um vídeo sobre a exposição. Vale a pena assistir.

2. Depois do café com torta no café do museu fomos para o Soho, direto para a loja de CDs e DVDs e livros Fopp, em Covent Garden. Loja ótima, com muitos títulos e promoções tentadoras.

3. Ainda em Covent Garden, jantamos no Maxwell’s bar & grill, que existe desde 1972 e serve um burger muito gostoso. A música é alta e vibrante.

4. E tomamos mais um metrô, dessa vez para o Barbican pro show do Tim Burgess, de Manchester, com abertura [support band] da banda americana Lambchop. Lambchop é uma banda de Nashville, Tennessee, com raízes no country alternativo, hoje com uma influência feliz do jazz na música que eles fazem. Kurt Wagner, vocalista à frente da Lambchop, convidou Tim Burgess para cantar com ele. Depois eles voltaram ao palco no show do Tim, que faz música alternative, indie rock e Britpop. Os dois shows foram sensacionais. Sensacionais!!!

5. Tudo terminou às 22.40hrs, trinta minutos depois do previsto. Domingo de noite, metrôs em manutenção e serviço limitado. Esse quadro fez a gente, apesar de correr o quanto pode, perder o trem de 23:35hrs. Entramos na estação de Waterloo exatamente nesse minuto em que o trem saia. Paciência. Fomos tomar café, sentar abrigados do frio e esperar pelo próximo trem, a 1.05 da manhã de segunda-feira. Foi um trem lento, parando em tudo quanto é de vilarejo na noite gelada. Descemos em Basingstoke, onde tínhamos deixado o carro exatamente para agilizar a volta com horários de trem, e dirigimos de volta a Southampton. Quando mirei a cama para desmaiar no sono dos justos o relógio despertador acusava 3.07hrs da manhã.

6. Na segunda-feira de manhã minha pessoa não respondia a nada, dormi até umas 8.30hrs e só depois pude despertar para voltar ao mundo real, do serviço e da disciplina.

Domingo maravilhoso em Londres. Maravilhoso!!!

Tuesday 2 July 2013

Glastonbury festival & the Rolling Stones

02 july 2013

Michael Eavis, criador do Glastonbury Festival. Foto do Jornal The Guardian
Olha só a cara de felicidade do Michael Eavis, o criador do maior festival de música que acontece aqui no Reino Unido no verão todo ano. Em 2013 o festival fez 43 anos e teve a presença dos Rolling Stones, atraindo um público de 100.000 pessoas para o show deles no palco Pyramid.

Michael Eavis, 77 anos, não toca numa gota de álcool por dois meses antes do festival, que acontece na fazenda dele em Somerset. Mas aí então que nesse domingo último, 30 de junho, brindou com champagne o sucesso desse ano, que ele considera o melhor de todos, que trouxe dias ensolarados, e que teve as presenças do Príncipe Harry e da banda sensacional Rolling Stones. O Mick Jagger brincou no palco: ‘finalmente eles convidaram a gente’. E a galera suspirou, derretida em deleite. Ah, como que queria ter visto.

A alegria pelo sucesso nas palavras do Michael Eavis sobre o festival e sobre ter os Rolling Stones esse ano:

Eavis declared himself "absolutely thrilled" and made his ritual declaration that "this really is the best festival we've ever done".
"It's the best thing. It has to be doesn't it? Forty-three years of me; 50 years of them and we've finally come together. We're on the same page at last. Isn't that brilliant?" [theguardian.co.uk]

O festival é imenso, e recebe em torno de 160.000 pessoas, com vários palcos e shows simultâneos. Tem muitas tendas com restaurantes, cinema, banheiros, e todos os serviços básicos, mas a palavra conforto não se aplica ali. Os muitos palcos oferecem opções de estilos musicais diferentes, ficam distantes e é uma caminhada puxada se movimentar de um palco para outro. Há sempre um ganho e uma perda na escolha por uma apresentação. Vimos muita coisa na tv, shows maravilhosos. Eu mesma não vou a um festival desse porte, mesmo, não. Algumas estatísticas: problemas com polícia foi 33% menor, comparado a 2011; e teve 150 prisões até o fim da tarde de domingo.

Nota: esse post é formado por meu conhecimento sobre o festival e uma síntese de uma matéria que saiu no jornal The Guardian ontem, que eu achei interessante compartilhar.