Semana passada encontrei minha amiga Inês e foi ótimo o programa com ela e
as criancas, Júlia, de 7 anos e Melissa, de 5 anos. Fomos a uma cidade aqui
perto, Fareham, comprar umas coisas de cama, lençol luva e tals. Adorei a escolha
dela pra gente ir nessa loja ótima chamada Dunelm.
Foi uma saída para atualizar os assuntos, o que nunca é suficiente. Fazia
muito, muito tempo que eu não tinha uma quebra assim tão legal e tão diferente
no meu dia. Depois das compras fomos almoçar no TGI’s Friday de Fareham. Incrível ver que mesmo numa cidade tão
pequena tem um restaurante que vai enchendo na hora do almoço, e esse não é dos
mais baratos. Como o dia estava ensolarado tinha várias mesas do lado de fora,
com pessoas que escolhem fazer uma refeição / ficar muito tempo com o sol bem
no coco mesmo, para curtir cada sopro do astro rei. Nós optamos pela sombra e
ficamos dentro do restaurante.
Juntando minha idéia com a sugestão do primo Ciro, agora escrevo mais
especificamente sobre a Inês, deixando que ela nos conte um pouco de sua vida:
Conheci a Inês antes mesmo de chegar em Southampton. Em minhas pesquisas
sobre a cidade descobri um blog em que ela escrevia sobre a vida aqui, a
contactei e nos conhecemos logo que cheguei. Ela é uma pessoa bacana e que me
deu bastante apoio na minha chegada. Inês sabe de tudo, de tudo. Ela sabe onde
fica qualquer coisa que você precise comprar ou um lugar que queria visitar; dirige
muito bem e é boa de localização.
Ela veio morar aqui em Southampton em 03/08/2003 porque casou com um inglês,
que conheceu na internet. Antes tinha morado em Londres em 2000 por um ano. Inês
ficou casada com o Paul por 7 anos, e com ele teve as meninas Júlia e Melissa,
que estão na escola. Desde a primeira vez em que fui na casa da Inês, e as
criancas era bem miúdas, fiquei impressionada como ela mantém a casa limpíssima
e organizada. Hehehe é muita mão de obra, principalmente com duas crianças para
cuidar. Inês tem um senso de organização e de planejamento incríveis. É uma
inspiração para mim.
- bate papo com a Inês:
Kalina: O que acha de Southampton? UK/Reino Unido?
Inês: Eu amo o Reino Unido e também Southampton, digo também
pois primeiro amava Londres de paixão que não imaginava morar em outro lugar.
Southampton é uma cidade do interior que tem tudo.
K: O que é bom de morar aqui?
Inês: Eu sou do Paraná e morava em São Paulo, aquela cidade
maluca, de trânsito infernal, aqui é bem diferente, quer dizer, o trânsito, a
muvuca que reclamamos daqui não tem comparação com o que vivia em São Paulo,
aqui tem boas escolas, colégios e faculdade e temos qualidade de vida (segurança/educação/saúde).
K: Cite duas ou três coisas / ou viagens bem interessantes
/ inesquecíveis que você fez morando aqui.
Inês: Eu acho que a primeira coisa incrível foi ter minhas
filhas e aprender a criar os filhos sem ajuda de família por perto.
A Segunda foi dirigir para diferentes estados sem ter medo de me perder e
conhecer lugares diferentes do meu habitat natural.
A terceira foi lutar pelos direitos das minhas filhas e meus, saber que
tinha alguém pra me ouvir e ajudar.
K: Como é criar filhos aqui, sem sua mãe ou outros
familiares por perto? [Paul já não tinha
mãe quando Inês casou com ele, mas Inês teve um casal vizinho que sempre fez as
vezes de pais dela, dando muito apoio].
Inês: Sim eu tenho meus pais Ingleses, eles me adotaram como
filha e sempre me ajudaram, não foi facil criar minhas filhas sem família por
perto, mas como você sabe eu sou guerreira e tenho Deus por perto, quando Deus
não estava ao meu lado, ele me carregava.
K: O que não é bom aqui? Se quiser, cite um, dois ou três
momentos que você viveu aqui e que foram muito difíceis para você.
Inês: Primeiro, foram os primeiros meses aqui, como morei em
Londres, eu não conhecia ninguém em Southampton, passava meus dias pensando na
minha familia e se realmente tinha feito a coisa certo.
Segundo, foi fazer parte da comunidade local, então eu procurei lugares
onde eu pudesse encontrar pessoas, ajudar pessoas, estudar, trabalhar. Tirei 3
novos diplomas, trabalhei em alguns lugares como voluntária e em todos esses
lugares eu aprendi a entender, compreender as pessoas como elas são por aqui,
independente da nacionalidade.
Terceiro, foi o Divorcio. Ninguém casa pra separar, só que eu não casei pra
viver de aparência, então fechei um livro e comecei outro onde hoje só tem capítulos
felizes de uma mãe com duas filhas.
K: Do que sente você falta?
Inês: De dinheiro! (Rs) Adoro viajar, adoraria ver e receber
minha família por aqui.
K: No momento você tem vontade de voltar a viver no Brasil
um dia?
Inês: Sinceramente NÃO, eu tenho saudades da minha família,
adoro passar férias no Brasil, mas a falta de segurança, educação, saúde e a
incontrolável corrupção, aqui não é perfeito, só que poder sair de casa com
seus filhos e andar sem ter medo de assalto, não tem preco.
K: Que conselhos você daria a quem quer viver aqui?
Inês: Ser um cidadão do mundo, não comparar os países,
respeitar as diferentes culturas que existem por aqui, se dar no sentido de
aprender tudo pois assim você faz daqui o seu lar e não a sua casa.
K: A Inês sintetizou muito bem as decisõs e atitudes que nos ajudam a viver
bem, em nossa terra original ou em outra terra que escolhemos para viver.
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