9 august 2013
Titulo original: Infidel
Autora: Ayaan Hirsi Ali
504
páginas – Companhia das Letras
Tradução: Luiz A. de Araújo
Tradução: Luiz A. de Araújo
Gênero:
Biografias, diários, memórias e correspondências.
Li esse
livro já faz algum tempo, indicado por uma amiga, porque me interesso por [auto]biografias
e em especial a da Ayaan me pareceu fascinante, imaginando a jornada de uma muçulmana natural
de Mogadishu, Somalia, que chegou a ser eleita para
o Parlamento na Holanda. A autora é hoje conhecida mundialmente por sua luta
pelos direitos da mulher na sociedade muçulmana e sua oposição ao
fundamentalimo islâmico. Hoje encontrei minhas anotações sobre a leitura e aqui
as compartilho.
O livro
é sobre a vida da Ayaan. Ela conta fatos desde a infância em vários países, de
pobreza, ausência do pai, obediência religiosa, maus tratos, até as mudanças
que lhe proporcionaram uma vida inimaginável para uma garota de sua origem. A
autora relata histórias interessantes da vida de garota levada e vítima de
costumes cruéis, como o da circuncisão a que ela e a irmã são submetidas.
Achei interessante
ela decidir romper com a obediência a seu sistema cultural e religioso quando
está a caminho de encontrar o marido, de um casamento arranjado, no Canadá. Ao
invés de cumprir o destino planejado para ela pelo pai, decide ficar na Holanda.
Na
Holanda, aos poucos Ayaan desperta para a vida. Nem sempre fácil, nem sempre
florida, mas uma vida de descobertas e de libertação, principalmente de si
mesma. As leituras, os trabalhos e os contatos que tem a levam à política e
também à amizade com o cineasta Theo Van Gogh, com quem idealiza o filme
“Submission”, sobre mulheres e o Islamismo. Infelizmente o filme provoca a
perseguição e o assassinato do cineasta, bem como desencadeia ameaças de morte à
própria Ayaan, que a partir de então precisa de seguranças e até muda de país
em busca de paz.
Ayaan fala
também de sua relação com a família, uma relação difícil, de sofrimento,
desentendimentos com o pai por questões religiosas / ideológicas, e de preocupação
com a mãe. É muito tocante como ela fala da irmã, de sua tristeza pelo que
acontece à mesma e de como se sente incompetente para ajudá-la.
A leitura
é pesada, mas eu gostei muito, da narrativa e da Ayaan. Não consigo apontar pontos
fracos no livro, mas gostaria de ter visto umas ilustrações em mapa mostrando a
trajetória dela.
O mais
impressionante é a historia de vida dela. Acho o livro interessante e fico
grata e feliz pela coragem dela de relatar tudo, escrevendo com tanta clareza. Vejo
esse desprendimento de botar as verdades na mesa, expor inquietudes, como um
gesto de bondade e de muita coragem. Esse livro não é apenas uma autobiografia
precoce de uma autora ainda muito jovem; ele é também didático acerca da situação
política, social, e religiosa nos lugares por onde Ayaan passa. Hoje ela vive
nos Estados Unidos.
Outro
dia a ouvi, fazendo uma síntese de sua jornada numa palestra:
“If I must place my faith
somewhere I choose to place it on reason. And thank God I have the freedom to
choose” (Ayaan).
“Se eu
tiver que apontar onde está minha fé digo que ela está na razão. E, graças a
Deus, tenho a liberdade de escolha” (Ayaan).
Recomendo
a leitura desse livro para qualquer um interessado numa leitura bacana, do
mundo real, atual e tão crua que às vezes parece surreal. Acho interessante
para as mulheres; para as pessoas que pensam e falam sobre religião / fé; enfim,
para os que têm curiosidade sobre os temas: islamismo, mulher, África, Europa,
vida, política, e [auto]biografia.
No comments:
Post a Comment