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Saturday 13 February 2010

o caminho

12 feb 2010


Nota: essa eh uma foto antiga do Junior, tio Machado, tia Nenzinha, e Eliane. Tia Nenzinha me ensinou a fazer tapecaria, como essa que esta na tela na parede.

Saudades do meu tio Machado, saudades da minha tia Nenzinha, saudades do meu primo Juca. Eu estou precisando demais escrever aqui sobre despedidas mas nao sei nem por onde começar.

Hoje ja falei com a minha querida prima e comadre Eliane algumas vezes. Eu liguei pra ela porque a Kassandra me avisou que o tio Machado faleceu hoje de tarde. O tio Machado eh pai dela, e irmao do meu pai. Fiquei conversando besteira, com rodeios, sem coragem de dar a noticia, sem coragem nenhuma, querendo que essa noticia nao existisse, mas ela ainda nem era verdade pra cumade, que ficou conversando normalmente comigo e me dizendo que ha tres dias nao tinha noticias do pai dela. Eu comecei a insistir pra ela ligar pro povo la, pras irmas dela ou pra quem quer que ela goste de ligar sempre. O sorriso leve dela sumiu de vez e fizemos um silencio que confirmou o que ela temia. E choramos ali. A gente chora e se consola mutuamente, mas sabe que doi dizer adeus a quem nos ama. Eu chorei muito dizendo que nao queria nunca ser eu a pessoa pra lhe dar a noticia que, apesar de ‘esperada’, sempre nos tira o chao.

A Morte (feminina) é maior que nosso exercito possa suportar. Quando chega, é ela quem decide se dormimos ou não, se choramos ou não. Ela determina nosso rumo, pelo menos nos momentos que se seguem à sua chegada na vida da gente.

A cumade insistiu pra eu não me preocupar nem um pouco, que na verdade ela estava feliz de ter sido comigo esse contato, e me pediu pra ligar pro pessoal no Brasil e avisar que ela ja estava sabendo de tudo. Eu liguei e falei com a Euridice, nossa Dinda. De novo chorei junto com a Dinda, e relembramos outro momento de tristeza grande recente, que foi a morte do Junior, filho do tio Machado, que morreu no dia 4 de outubro de 2009.

To achando essa escrita e esse post todo tão sem sentido, tão sem rumo, uma escrita confusa, mas tenho que tirar essas coisas de mim, porque não consigo parar de chorar.

Liguei pra Kassandra e ela me disse que estavam lá providenciando o velorio. Combinamos que ela me daria um sinal quando estivesse do lado do papai no funeral. Eu estou pensando no meu pai o tempo todo. Eu liguei pra casa dele mas o telefone so dá ocupado lá. Assim fizemos e eu finalmente falei com meu pai. Meu tio Machado tinha 80 anos. Meu pai tem 74 anos. Os dois eram muito próximos. Outro dia a Kassandra foi com a mamãe visitar o tio Machado no hospital e o moço lá disse: “seu Joaquim vem visitar ele todo dia”. Seu Joaquim é meu pai. Foi tão bom falar com o papai. Ele estava tão sereno e me consolando. Eu sou mesmo um lixo. Toda vez eu telefono pro povo pra dar um apoio e o povo é que me conforta. Ainda mais essa. Ali tambem falei com meu tio Toinho e com a prima Lourdinha. Todos eles me disseram que está tudo sob controle la e que eu fique bem. A Lourdinha me pediu pra dar apoio à Eliane.

O tio Machado tava sofrendo muito, ja há muitos dias no hospital, e numa situação muito delicada e irreversivel. O famoso ‘descanso’ eh o recurso de que dispomos nessas ocasiões pra podermos viver a despedida. A cumade me disse que tá se sentindo completamente solta, sem chão, sem céu. A mãe dela, tia Nenzinha, morreu faz um tempo já. Tia Nenzinha, Henrique (meu irmão) e Junior estão enterrados no mesmo tumulo no cemiterio em Teresina.

Me sinto tão estranha escrevendo sobre isso. Eu tinha esbocado um post quando o Junior morreu e ele tá pronto, basicamente com os emails trocados àquela época, mas ainda não tive coragem de publica-lo. Esse agora tá aqui. O blog não precisa ser apenas de flores de alegrias. Se eu falo que ele traduz minha vida, minha vida hoje é de tristeza pela despedida do meu tio.

A cumade Elaine me disse tanta coisa da alma dela, conversando serenamente ao telefone. Me falou que esse amor de pai pra filha encerrou hoje. Nunca mais ela vai ve-lo, e isso é muito ruim, e falou da perda da mãe, e da perda do Junior e falamos como ainda é dificil pra nós todos ‘digerir’ essa historia do Junior. Me contou da alegria de ver o tio Machado quando ela foi ao Brasil em outubro e de como ele ficou feliz com a presença das filhas e das conversas felizes e fotos otimas que tiraram na visita. Tudo se transforma em lembrança de um momento que nao pode ser repetido.

Pois é, parei de chorar agora. A vida exige leveza e testa nossa fé nesses momentos. Vou rezar por meu tio e tenho certeza de que ele vai fazer uma viagem serena.

2 comments:

  1. Querida Kalina,

    sinto muito! Realmente, a dor de perder um ente querido é INSUPORTÁVEL. Quando minha mãe morreu, sintia uma dor dentro de mim que achei que nunca fosse passar... E saber que nunca mais veremos uma pessoa muito amada é HORRÍVEL...Nos resta apenas aguardar; nada como o tempo para abrandar a dor e nos deixar a saudade...

    Beijos, feliz 2010, feliz birthday atrasado...
    Ju.

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  2. oi Ju, muito obrigada pela mensagem linda e sincera de conforto. acho que quando perdemos uma pessoa que amamos seguimos na vida, mas tortos, faltando mesmo partes importantes de nos.
    abraco grande pra voce e tudo de bom. que 2010 lhe possibilite mais coisas novas ai na sua vida em Dubai, enfim, na sua vida (acho que nos e nosso efeito nao eh so onde estamos localizados fisicamente a cada vez).
    Kalina

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