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Thursday, 17 October 2013

"Prima il dovere, poi il piacere"

Querido leitor,


Também ando com saudades de você. Não tenho conta das vezes que pensei e pensei e pensei em escrever um post sobre o muito que tem acontecido por aqui. Não consegui. Andei tão ocupada e consumida pelo trabalho e por umas doses poucas, porém especiais, de lazer, que terminei usando o pouco tempo livre para me entregar ao nada, igualmente especial.

Os últimos meses aqui têm sido difíceis. Quinta-feira passada, 10 de Outubro, foi a primeira vez, nesse ano de 2013, que fui sozinha para o centro da cidade e fiz coisas sozinha, livre, com o dia pra mim. Circulei, entrei em lojas, almocei, e até fiz uma aula num curso de pintura em aquarela, onde pintei um prato. Foi tão bom! O efeito relaxante foi maravilhoso. E assim distraí o pensamento e descansei a mente.

Cumpri uma etapa importante na conclusão da tese e só agora diminui minha jornada de quatorze horas por dia, seis dias por semana, trabalhando umas quatro ou cinco horas no domingo. Trabalhava quase 12 horas na universidade, ia pra casa, jantava, e trabalhava mais 1.40 ou duas horas de noite, quando fazia mais leituras e revisões.

Foi quase como se eu não existisse, joguei tudo no trabalho; mas procurei ter alguma medida pra dar atenção também à vida pessoal. Por duas vezes, em semanas diferentes, minhas baterias descarregaram completamente e só consegui sair da cama em torno de 9 horas da manhã. Nesses dias fiquei em casa e cuidei de coisas pessoais que andavam esquecidas, como lavar roupa, ver tv e ignorar o mundo lá fora. Cuidar da vida pessoal, arrumar meu espaço e descansar um pouco são importantes para eu retomar o trabalho mais renovada.

Sempre faço no começo do dia uma lista do que fazer. Nessa lista boto tudo, coisas bem simples e pessoais e também da tese. Ela sempre me ajuda a organizar as ações do dia e a ver que as ‘incontáveis’ coisas que tenho para fazer não são sufocantes e posso, listando e decidindo o que fazer primeiro, dar conta do serviço. Listo de azul e vou marcando de vermelho o que fiz, para ter a sensação boa de ir caminhando. A lista também me ajuda a variar as atividades, porque às vezes fico exausta e sem um pingo de vontade de mexer num capítulo que precisa de revisão, mas posso fazer outra coisa.

Nessas semanas intensas deixei de ir a Londres duas vezes com o Mike e perdi um monte de momentos sociais por aqui, priorizando o trabalho. Ainda assim fui a três festivais de música com o Mike e tive chás e jantares com algumas amigas de vez em quando. É uma ginástica doida de interesse e cansaço físico para fazer tantas coisas. Até a supermercado deixei de ir, pra não perder quase 2 horas do dia. Tô cansada, mas também gostei muito e fiquei acostumada a esse ritmo que provou ser produtivo. Nesse período adorei escrever um artigo para a Revestrés número 10 que está nas bancas em Teresina.

O que tem me ajudado muito a atravessar esses dias intensos tendo sido eu, ao chegar no escritório na universidade, meditar e rezar antes de começar a trabalhar. Aí sinto que minha cabeça fica limpa, leve e preparada para o dia. Outra coisa que faço sempre é estar na cama, durante a semana, antes de meia noite.
Aprecio uma boa noite de sonho e procuro, mesmo trabalhando muito, ter uma medida de equilíbrio, senão desanda tudo.

E nesse ritmo o tempo mudou e o outono tem trazido dias mais curtos e frios, às vezes com chuvas brandas que eu adoro, como foi ontem. A foto do post é da manhã chuvosa de ontem, em Portswood Road, uma rua onde há muitas lojas e por onde passo sempre a caminho da universidade.

Pois é, e assim aconteceu essa minha ausência prolongada do blog, não intencional. Perdoe aí, caro leitor.

A propósito, o que você tem feito? Me conte de você.

Wednesday, 31 July 2013

Os dias e o capítulo 7


31 july 2013


Final de semana passado, de 19 a 21 de julho, foi ótimo. Na sexta-feira de tarde tive reunião com minha orientadora, que gostou do que tenho feito e aprovou meus planos para o que está por vir na tese. Agora ela está de férias e vai para Zâmbia, na África, encontrar o filho que  hoje vive e trabalha na Líbia. Ele tem 25 anos e faz um trabalho fascinante junto a órgãos de ajuda internacional. Ele morou antes em Zâmbia e disse para a mãe que lá é muito lindo. Ela vai sonhando em apreciar os pássaros, o que é um hobbie popular na Europa.

Às três da tarde, quando voltei para o escritório esse estava com cara de fim de semana, até com luzes apagadas. Hanadi, minha colega árabe que sempre fica até mais tarde no escritório tinha ido embora. Ela me disse que não tá aguentando ficar muito tempo esse dias porque está fazendo o Ramadan, o mês sagrado para os muçulmanos e quando eles vivem um jejum obrigatório durante todo o mês, sem comida ou bebida desde a hora em que o nasce até a hora em que o sol vai embora. Ai eu também fui embora mais cedo.

Na noite de sexta-feira fomos jantar no restaurante italiano Scoozi, em Oxford street, aqui mesmo em southampton. Comemos calzone e uma entrada boa danada. Depois do jantar fomos ao White Tavern, um pub ali na rua. Aqui um jantar, ou uma noite, nunca termina no restaurante original. Inglês adora esticar mais um pouco bem ali em outro pub. A noite já estava mais fria. Nesses últimos dias a temperatura baixou um pouco, a chuva voltou, o sol ficou mais tímido; e assim o verão inglês se nos apresenta em sua forma mais conhecida.

Oxford street é uma rua muito charmosa. Em dois quarteirões se concentram restaurantes: indiano, italiano, pizzaria, inglês, espanhol, mexicano, e o brasileiro ‘casa brasil’, além de pubs e uma brasserie. A rua ferve de gente nas noites e no verão as calçadas são ocupadas com mesas de pessoas aproveitando a brisa [rara] da noite. Oxford street fica a apenas mais uma rua do porto, de onde saiu o navio Titanic. Lá tambem tem o pub ‘the grapes’. A lenda diz que seis membros da tripulação foram para ‘the grapes’, entre eles três irmãos, antes de embarcarem na fatídica e única viagem do Titanic. E aí que os seis se esqueceram do tempo e perderam o navio. E assim o pub, que era um dos favoritos entre tripulantes e viajantes, ficou famoso por dar boa sorte a seus frequentadores.

No domingo, dia 21, fomos ao churrasco de aniversário do Matheus. Que delícia de encontro e conversa com Steve, cumade Eliane, Lucas, Matheus e Denis. Entre as delícias tinha farofa, feijão com jeito brasileiro e salada, além de uma variedade de carnes. O Denis, amigo do Lucas, é de Teresina e mora em Londres.


No domingo de noite fomos ao ótimo show do Simone Felice, no Railway, in Winchester. Foi o terceiro show dele que eu vi. 

Começamos uma nova semana e aqui sigo eu, com o capítulo 7. De vez em quando eu sinto uma alergia. É como sinto quando não consigo nem tocar no meu texto. É cíclico: trabalho, leio, escrevo, reviso, imprimo uma versão desenvolvida do capítulo. E aí me vem essa exaustão, que me faz sentir duplamente cansada. Não aguento. É como se eu não pudesse ter muitos dias a fio com produção brilhante. Depois de uns dias inspirados sempre me vem assim esses dias nulos, ou quase nulos.

Quando trabalho faço coisas muito legais nas sessões do capítulo. Quando o dia é zero, como hoje, não sai nada. Hoje apenas me doi o pescoco, doi muito. Vontade de ir pra casa e dormir, mas sei que mesmo em casa não vou conseguir descansar e aliviar essa tensão. Talvez até durma, porque tô me sentindo exausta, mas qualquer uma ou duas horas de sono vão estragar minha noite. Parece um desligamento que vai alem de mim.

Espero que amanhã, sendo outro dia, me traga possibilidades felizes. Tenho ainda que começar a esboçar a segunda grande parte deste último capitulo de análise dos dados, que se referem à terceira fase empírica da minha pesquisa. To meio blah.

Tuesday, 23 July 2013

De volta ao batente

23 july 2013



Saí de Teresina no sábado, dia 20, no vôo de 12h:40 para Fortaleza, de lá fui para o Rio de Janeiro, de onde saí para Londres em torno de meia noite.

Eu já estava me arrumando para sair, quando a titia me ligou, e me falou coisas lindas. Ela disse que estava me ligando para me dar um abraço muito grande porque [sábado] era o dia do amigo e eu sou uma amiga muito especial para ela; uma pessoa que ela admira, ama, e em quem acredita e confia. Pense como esse telefonema aqueceu meu coração judiado. Aí a Manuela, minha irmã de coração, foi me levar no aeroporto com a mamãe. Essa despedida foi difícil, mas segui.

Desembarquei em Fortaleza para passar ali quase quatro horas, quando vem ao meu encontro a surpresa mais maravilhosa: meu primo Júnior foi encontrar comigo no aeroporto. Me sinto abençoada por ter tantas pessoas especiais ao meu redor. Almoçamos e conversamos um bocado. Ele ficou comigo até minha entrada na segurança. Um abraço apertado, ele se foi e eu segui, mais feliz.

No Rio de Janeiro foi legal a espera porque fiquei conversando com um pessoal que veio no mesmo vôo que eu. Eu gosto às vezes de conversar com quem não conheço, pra escutar estórias novas. É olhar para a pessoa e perguntar ‘pra onde você vai?’. Parece que a pessoa tá só esperando essa pergunta para contar um monte de si.
 
E embarcamos na viagem longuíssima de quase 12 horas até Londres. Entrei no avião e falei para um comissário de bordo que tinha viajado com ele para o Brasil 10 dias atrás. Ele olhou pra mim e disse ‘a senhora tava sentada ali do outro lado’. Pronto, imagine aí o bom trato. A viagem foi tranquila, mas dessa vez não consegui ler nada e nem sequer procurar um filme para assistir. Dormi um pouco e o que mais fiz foi acompanhar a viagem pelo mapa para saber onde eu estava. Nada mais.

Descemos em Londres alguns minutos antes do previsto, que era pra 3h20 da tarde. Viemos do aeroporto direto para casa. Como o dia estava lindo e ensolarado Mike tinha planejado um churrasco para a gente no quintal de casa. Tomei um super banho para espantar o cansaco, vesti uma roupa fresquinha e curtimos um churrasco gostoso. Tinha mini burgers, linguiça, salmão, espeto de frango com chorizo espanhol e pimentão, e três tipos diferentes de salada: de batata, de repolho com queijo e cenoura e mais um molhinho [coleslaw], e caesar salad. Estava tudo ótimo, e deliciosamente leve. Ah, a gente come churrasco aqui com pão [comi só um].

Foi maravilhoso ficar sentada ao ar livre depois de praticamente 24 horas dentro de aeroportos e aviões. Entramos quase 8h00 da noite, ainda com luz do dia. Acho que comi um bocadim além da conta; mas sendo churrasco já viu, né. Foi nosso terceiro churrasco nesse verão de dias longos e bonitos. Ficar em casa nesse programa refrescante e à vontade me fez recuperar as energias.

Fui dormir quase meia noite mas consegui ir para a universidade ontem, segunda-feira, de manhã cedo e trabalhar até quase 5h30 da tarde. Fiz um serviço importante no capítulo 7. Meu Deus do Céu, como tem coisa pra fazer ainda. Quisera eu ser mais rápida e mais concentrada. Gosto da minha alma artesanal e desacelerada, mas tem hora em que correr pode ajudar.

Na universidade ganhei um monte de abraços demorados e calorosos de muitos amigos. Chorei litros. Comigo não tem jeito: mencionou a dor, a torneirinha abre.

Às 6h00 da tarde fomos fazer uma caminhada feliz no Riverside Park, um park lindo que tem aqui, às margens do rio Itchen. Mais tarde cumade Eliane passou para pegar uns presentes que a família mandou para ela do Brasil. Soltamos boas gargalhadas.

Querido leitor, a cumade Eliane é de Teresina e hoje mora aqui em Southampton, casada com um inglês. Vou escrever sobre ela em breve. Se voce gostaria de fazer uma pergunta a ela comente aqui que eu transmito sua pergunta a ela e a resposta vem no post sobre.

Saturday, 6 July 2013

O capítulo 6

6 july 2013


Semana passada, depois de uma longuíssima jornada, mandei meu rascunho completo do capítulo 6 para apreciação da minha orientadora. Ela vai ler o material e me mandar de volta com comentários para eu fazer - é sempre assim - ainda mais alguns acertos, para chegar à versão final. O capítulo 6 é composto de:
11.782 palavras
157 parágrafos
Em 37 páginas.

Some a isso muitos rascunhos impressos e trabalhos às vezes no texto todo até que, finalmente, tomei a boa decisão de trabalhar por sessão. Isso resultou em um trabalho bem melhor, e me libertei da angústia do texto ser tratado por inteiro de uma vez só. Por esse número de páginas você imagina que é um texto longo, do tamanho ou talvez maior que algumas monografias de pós. Um capítulo apenas.

Agora estou trabalhando no capítulo 7, que traz a segunda parte da minha análise de dados. Tenho trabalhado tanto, seis dias por semana, de segunda a sexta na universidade, e algumas horas em casa aos sábados. Quando o trabalho rende bem fico feliz e tranquila para fazer alguma coisa legal no sábado de noite e no domingo todo. Engraçado como às vezes passo muitas horas no escritório e ao final do dia não fiz muito; mas em casa, decidindo trabalhar por três horas apenas, sento, junto o material, e faço direto um bom trabalho, que me liberta para ir ser feliz ali e acolá e aqui. Adoro esse equilibrio entre obrigação e prazer.

Ontem saí do escritório às 7 da noite. Fui a última a ir embora, e o campus estava quase vazio naquela hora que é praticamente fim de semana. Apesar do silêncio, sempre encontro alguém quando vou na cozinha pegar água, para beber ou para chá ou café. A caminho de casa passei no supermercado e comprei massa fresca para o jantar: tortellini recheado com espinafre e ricotta e um molho de tomate com mangericão. É só cozinhar a massa e esquentar o molho, e em poucos minutos tá pronto o jantar ótimo. Botei um pouco de blue cheese e parmesão por cima do tortellini.

E hoje decidi ficar em casa, trabalhar de casa, mudando meu plano inicial de ir pra universidade, porque tô precisando de mudança e descanso. Trouxe meu laptop pra sala de tv e tô trabalhando um pouco e vendo tv. Tão bom. Ontem mesmo lavei roupa, que passou a noite na máquina de lavar e só foi extendida hoje de manhã. Tenho um outro tanto de coisas para fazer em casa também. Talvez mais tarde eu passe roupa. Talvez. Vamos ver o que o dia me inspira. O sol brilha lindo lá fora.  


Gosto muito de uma máxima que minha professora de italiano me ensinou, porque ela é pertinente na vida, quase o tempo todo: “prima il dovere, dopo il piacere”.          

Thursday, 20 June 2013

PhD na primavera

20 june 2013


Todo ano, garantido, eu tenho a febre do feno, ou alergia a florescência na primavera [hay fever]. Só que esse ano, apesar de estar bem doente tô me sentindo mais forte e vindo trabalhar.

O problema dessa hay fever é que a cada manhã a gente da uma piorada bacana, se sair de casa, se entrar em contato com o exterior, o vento, o pollen que a primavera traz nas flores. Com isso em mente decidi ficar em casa segunda-feira dessa semana, para ver se melhorava. Não melhorei nada porque na verdade a alergia estava ainda desfazendo malas para passar essa temporada comigo.

E, ficando em casa, minha produção acadêmica foi próxima de zero. Até cuidei de outras coisas, pessoais, mas para cuidar mesmo da tese eu preciso de uma rotina e de um espaço que me incentivem, me convidem a trabalhar. Na segunda-feira em casa fiquei um tempão sentada no sofá com o controle remoto da tv na mão e com o texto do meu capítulo no braço do sofá. Parece cena de filme de suspense: será que daquele maço de papéis vai sair um monstro para me pegar? Meu Deus, eu olhava e nem abria, fugia do que deveria estar fazendo. Ah, assisti tv.

Então é assim: fora do ambiente, ao invés de produzir, eu fujo do trabalho.

Ontem o dia aqui no escritório foi dificil. Espirrei tanto o dia inteiro que fiquei com vergonha das outras três pessoas que estavam aqui comigo. Por sorte ninguém que senta perto de mim veio ontem, senão eu teria, voluntariamente, ido embora. Não dá mesmo para ficar muito tempo perto de alguém espirrando sem parar, com dores no corpo, nariz congestionado, e com pigarro, meus sintomas dessa hay fever. A Hanadi [árabe] veio me oferecer remédio. Eu agradeci mas já estava mesmo indo para a farmácia, onde fui instruída a comprar um remédio apenas, específico para a febre do feno, e mais a recomendação de tomar muita água e chás e tal. Tomei ontem o compromido do dia e já dormi melhor, sem tossir.

Então, aqui no escritório tudo me lembra e me inspira e me convida a trabalhar na minha tese. Não tenho dúvida que três pontos, ou condições, têm sido fundamentais para eu trabalhar na minha pesquisa:

- espaço apropriado, com o que preciso: computador, os papéis, os livros, as canetas, os pen drives, a caneca para o chá ou café. Praticamente todo dia almoço aqui mesmo, sanduiche que trouxe de casa e ou desço para comer no restaurante. Esse espaço não é alterado, não preciso desfazer ou fastar os livros para comer ou para qualquer outra atividade, é espaco definitivamente dedicado a mim para o dia inteiro, e isso é muito importante;

- silêncio e condição de desligamento e concentração, contínuos, pelo dia todo. Até mesmo ver os colegas lendo, digitando, indo pegar um chá, entando e saindo, vindo até meu bureau conversar um pouco, ou uma conversinha rápida daqui mesmo, tudo isso faz parte, não atrapalha, e relaxa ou descansa, enriquece e mantem minha mente esperta. Preciso do silêncio, mas adoro saber que tem mais gente aqui nesse escritório imenso. Só venho aos sábados se tiver certeza de que vou encontrar com alguém aqui. A gente combina isso, e combina o pub para depois também. Há assim colaboração e respeito, silêncio e barulho, acordados e suportáveis;

- rotina, de se preparar, desde casa, vir para a universidade, sentar, e levantar de vez em quando para um chá ou café, mesmo com um amigo ali fora do escritório, mas ter a rotina de dedicar um número de horas à atividade acadêmica. Regra geral eu passo quase 12 horas por dia aqui, e não tenho ido de forma alguma à cidade no meio da semana, o que eu fazia antes. Consigo às vezes ter, sei là, 4, ou 5 ou 6 ou 7 horas bem produtivas, mas teria quase nada se não estivesse aqui. Os momentos aparentemente ‘nada’ são igualmente importantes como parte do processo. Passo tempo também lendo e pensando, entendendo ou procurando entender algum ponto nesse processo de conhecimento que é o mais sofisticado que eu enfrentei. A rotina é fundamental, porque ela prepara minha cabeca, que pede e oferece os movimentos.

Esses três pontos juntos formam os pilares de minha organização e produtividade. E você, como planeja seus estudos?

Tuesday, 18 June 2013

Leite de magnésia e a vida

18 june 2013




Tem tanta mas tanta coisa acontecendo por aqui que eu fico meio inundada nos eventos e terminno não contando tudo, mas vamos lá a alguns fatos:

(1) Acabei de ter um encontro com minha orientadora. Conversamos sobre o capítulo que estou escrevendo e o que vem a seguir. Na próxima semana eu teria uma conferência para ir, na University of Warwick, em Coventry. Mandei um abstract, para apresentação de uma parte da minha pesquisa, que foi aceito com muito gosto por eles e tal e coisa. Porém, minha orientadora, que até gostou da idéa da conferência três semanas atrás, cortou direto minha ida, porque tenho servico demais para fazer por aqui e indo para a conferência teria que dedicar pelo menos 4 dias para planejar apresentação e ir para a viagem.

(2) Ontem na BBC passou um documentário sobre o Brasil. Fiquei muito triste de ver o programa. A jornalista Daisy Donovan foi a São Paulo e Salvador para filmar um dos programas da serie ‘the greatest shows on earth’. Com esse propósito ela passou o programa quase todo chocada com o que viu e tentando disfarçar uma incredulidade com o concurso de melhor bunda do brasil e com a violência levada ao ar ao meio dia por um canal de televisão em Salvador. O programa teve dois assuntos: bunda e violência, fomentados e exibidos na televisão aberta brasileira. A Daisy ficou assim tentando entender o interesse do brasileiro por bunda, e até disse que os ingleses se interessam mais por peito. Bom, achei terrível a imagem que ficou do Brasil no programa, com ela generalizando aquilo como sendo a sociedade brasileira. Sei bem que o programa não é tudo sobre meu Brasil, mas temo não poder negar que aquilo seja verdadeiro. Uma pena.

(3) Faz mais de vinte anos que uso leite de magnésia como desodorante. Cheguei aqui em setembro de 2008 e não tinha problemas para achar o medicamento até algum tempo atrás. Primeiro ele sumiu da prateleira da farmácia, depois das prateleiras de três supermercados diferentes. Perguntei e foram me dizendo que o produto estava saindo de linha, ‘descontinued’. Pense na minha vida sem desodorante . Ano passado comprei uma vez na Amazon. Agora tentei achar de novo por aqui. Achei no site de um supermercado da cidade e fiz uma compra grande para ser entregue em casa comprando cinco vidros de 200ml. Fiquei aguardando ansiosa, mas a alegria durou não mais que 24 horas. O supermercado trocou o leite de magnésia por um remédio substituto aí que nem lembro o nome. Devolvi o produto pelo entregador mesmo. E voltei à estaca zero na saga pelo meu desodorante. Fiz umas pesquisas e encontrei grupos de discussão falando sobre os benefícios do leite de magnésia usado como desodorante. Para ilustrar encontrei, disponível no mercado americano, o milk of magnesia roll on. Finalmente, recorri à Amazon.co.uk mais uma vez, recebi meu dois vidros enormes e tudo terminou bem.

E assim caminha a humanidade.

Saturday, 25 May 2013

Post: Chef Morena: vegetais assados e tal


25 may 2013

 
vegetais assados

Essa semana eu queri a fazer uns vegetais, mas queria também evitar usar mais de uma panela. Só usei dois vegetais, mas você pode variar bastante o que vai usar / assar. Se eu tivesse alho em casa teria botado uns dentes, soltos, ainda na casca, para assar junto com os vegetais. Depois os descascaria e nhac nhac tudo junto.  A receita para esse prato ficou bem simples e achamos deliciosa. Resolvi tentar uma idéia assim:

Ingredientes
250 gramas de cogumelos frescos
2 cenouras médias
Sal, pimenta, tomilho, noz moscada e uns fios de azeite para temperar e fazer uma película de proteção para os vegetais não queimarem no forno.

Pronto, tudo misturado numa vasilha ou num pirex, transferi os vegetais para uma assadeira e levei ao forno por uns 15 – 20 minutos mais ou menos, e tava pronto. Comemos com um assado de carne de porco e batatas douradas, mas acho que vai bem com qualquer coisa. Em cima de um arroz bem quentinho, hummm.

e tal

Ontem trabalhei aqui no escritório da uni até quase 6 da tarde. Depois fui jantar num pub aqui perto com uma amiga, o Crown Inn. Foi muito legal terminar o dia com papo bom, uma deliciosa salada tipo Caesar, antecipadas por nachos apimentados, e rever um povo que sempre frequenta esse pub, sempre lotado com gente da universidade. Voltei pra casa 8 da noite embaixo de pingos gélidos de uma chuva fina, vento forte e um frio grande.

Hoje tô aqui de novo na universidade. Estão aplicando hoje prova de IELTS, uma prova de proficiência de língua inglesa aqui no campus; por isso encontrei algumas pessoas quando cheguei. Estamos no final do período letivo, com alunos fazendo provas finais, e isso representa uma biblioteca no campus principal – Highfield – impraticável, com um monte de gente estudante em todos os cantos, mas aqui no campus onde eu estudo o fim de semana é sempre mais tranquilo. Estão aqui no escritorio hoje, além de mim, uma menina da Arábia Suadita, que faz doutorado em linguística aplicada, como eu, e o Zubair, do Paquistão, que faz doutorado em cinema. Eli, uma menina chilena, disse que vai chegar mais tarde.
Já faz mais ou menos duas horas que tô aqui, mas a concentração me escapa o tempo todo. Faço um pouco de servico, e minha mente vagueia, vagueia, e volta.
Quais os seus planos para o fim de semana?

Friday, 17 May 2013

o batente transatlântico

17 may 2013

Steve, Eliane, Benilde, Kalina, Venicio. at Trago Lounge, Southampton, UK.

Passei agora mais de três meses em Teresina, onde retomei minhas atividades de trabalho. Revi muita gente do coração. Tive muitas, muitas distrções do meu serviço da tese. Consegui, na medida da concentração e produção possíveis, revisar os capítulos 2, 4 e 5. Trabalhei mais um bocado no capítulo 6, quando entendi que a análise dos dados coletados vai ficar mais organizada e coerente se for dividida em dois capítulos diferentes, atendendo às questões de pesquisa. 

Trabalhei muitas horas, como sempre, com a constante e cansativa sensação de que deveria estar fazendo mais. Seguindo a sugestão de uma pessoa amiga, e como forma de fechar o ciclo de trabalho no Brasil, apresentei todo o trabalho para três amigas, professoras da area de linguística aplicada. Preparei uma apresentação em power point de toda a pesquisa, inclusive com conclusão preliminar.

A apresentação foi no CEUT, onde também a Professora Maria Helena gentilmente me permitiu estudar numa das salas de orientação. Minha querida amiga Fatima Lima organizou a apresentação e convidou a Luciana Eulalio e a Rivanda Medeiros para se juntatem a nós e assistirem e criticarem / comentarem / argumentarem sobre o que fiz até agora. Isso me deixou com um panomara claro na cabeça, e no papel, do que fiz no Brasil, do quanto avancei, e do que ainda teria pela frente para fazer na tese. Sensacional!!! Foi um previlégio poder passar por essa oportunidade de ‘dar a cara a tapa’, mesmo. O resultado dentro de mim foi maior do que eu pensava. O preparo do power point, o preparo para apresentar o material e toda a concentração me trouxeram um retorno tão gratificante, uma sensação feliz de conquista, que nos dias que se seguiram à apresentação, ainda no Brasil, não senti mais necessidade de trabalhar na tese. Apenas organizei o que precisa trazer comigo para dar continuidade aqui. 

Depois da apresentação ainda conversamos um bocado. Em seguida, Fatima precisou ir dar aula, e Luciana, Rivanda e eu fomos para o Coco Bambu, onde conversamos até quase meia noite. Muito, muito bom.
E chegou o dia de voltar para a Inglaterra. Vim com minha mãe e meu irmão Venício. Entramos na Inglaterra, viemos para Southampton e ficamos aqui três dias. Pegamos o eurostar para Paris, onde passamos três dias. Pegamos um trem para Bruxelas, onde ficamos dois dias. Pegamos outro trem, de novo o eurostar, para Londres, onde ficamos mais dois dias. Voltamos para Southampton, por mais cinco dias, com saídas para visitar várias cidades por aqui por perto e umas comprinhas e coisa e tal. Viagem mágica, em companhias maravilhosas, visitando paisagens inesquecíveis, sofrendo em filas parisienses, e por aí vai, mas tudo muito bom e relaxado. Um luxo! Eles voaram de volta para o Brasil domingo passado, dia 12. 

Na segunda-feira, dia 13, retomei oficialmente minha pesquisa no escritório na universiade e hoje encerro essa primeira semana com vários reencontros felizes. Ontem tive supervisão com minha orientadora. Mostrei para ela a apresentação que tinha mostrado no Brasil para as meninas. Ela gostou muito de ver essa síntese do trabalho. Conversamos por quase 90 minutos sobre o que vem pela frente: muuuito trabalho. Eu tinha mandado dois capitulos (4 e 5) para ela ler. Eu os considerava concluídos, no ponto de serem apenas incluídos no texto final da tese. Doce engano! Ela fez várias recomendações para eu trabalhar no material, e também diminuir / enxugar os capítulos, que estão longos demais. Aqui a tese total deve ter em torno de 75.000 palavras. Portanto, a luta pelo equilíbrio nesse limite está em todos os capítulos e no conteúdo a ser apresentado.

E assim concluo a primeira semana. Com noites frias, manhãs frias, um sol que ensaia um sorriso mas se recolhe, porque dona chuva quer chover, numa primavera tímida e que tem dificuldade de dar tchau de vez ao inverno. A gente vai levando; vai levando até bem.
Mas tenho pensado muito em Drummond nos últimos três dias porque agora tem uma pedra no meio do caminho. No meio do caminho tem uma pedra. Mas a gente segue, com fé em Deus.