Londres: João Bosco e banda no Ronnie Scott’s

14 august 2013

Segunda-feira última, 12 de agosto, fomos de novo a Londres, dessa vez para o sensacional show do João Bosco e sua banda. Como segunda-feira é dia de batente, o programa não foi de dia todo.

Saí de casa 15h15 e peguei o trem da nossa estação até o aeroporto aqui da cidade. De lá peguei outro trem para Winchester, uma cidade linda que fica perto daqui, onde encontrei o Mike vindo do trabalho. Pegamos o trem para Londres – Waterloo às 16h48. Fomos direto para Covent Garden, que fica a apenas três estações de metrô de Waterloo.

Chegamos antes do previsto e assim deu tempo passar na Fopp, a loja de CDs, DVDs, e livros. Peguei dois filmes para comprar e passeei com eles pela loja; mas os devolvi às prateleiras, exercitando um controle que tenho procurado ter na aquisição de coisas, muitas, que não preciso. Lembrei que da última vez que passamos na Fopp eu comprei dois filmes: o francês ‘Je ne suis pas la pour etre aime’, ‘not here to be loved’ em inglês, que eu tinha assistido em Teresina, e o americano ‘The autobiography of Miss Jane Pittman’, que ainda não assisti. E lembrei também de outros que comprei de outras vezes que passamos na FOPP.

Fomos então para o Ronnie Scott’s, a cara de jazz mais tradicional de Londres e que existe desde 1959. Jantamos lá um burger, acompanhado de batatas fritas e salada, nada especial com preço de burger especial. Essa é às vezes a matemática do conforto. Tínhamos reservado para jantar lá por conta do tempo que achamos seria apertado entre a chegada em Londres e o show.

No Ronnie Scott’s encontramos cumade Eliane e Steve e Matheus. Conversamos um pouco sobre o show. Mike e eu sentamos numa mesa assim bem de frente ao palco, com ingressos comprados com esse propósito de proximidade. Às 19h15 começou um show da casa com um trio tocando jazz instrumental muito bom. Intervalo.

E chega a hora de João Bosco e sua banda. Que show maravilhoso. Que músicos de primeira grandeza. Que talento nos acordes. Que sintonia e que sincronia entre eles. Foi a primeira vez que eu vi uma cuíca assim olho na cuíca; só conhecia de tv e seu som encantador. João Bosco falou apenas com sua música, e mais não precisava; apenas apresentou a banda duas vezes, com simplicidade e simpatia, e teve aplausos calorosos de uma casa cheia de fãs da melhor música. Ouvi muitas vozes de brasileiros felizes e derretidos de orgulho aqui e ali e acolá pela casa de jazz.

E ouvi vozes de outras línguas também. O casal sentado pertinho de nós era de Barcelona,  conversando entre si em inglês com sotaque espanhol. O pessoal da mesa ao lado era francês.

O show terminou em torno de 23h00. Voltamos rapidão para Waterloo e pegamos o trem de 23:35 para Winchester, de onde dirigimos de volta para casa. Ah, como um show alimenta a alma e me faz experimentar uma sensação especial de leveza. Adoramos o show. Adoramos os músicos, todos eles. Mesmo as várias canções que ele cantou que eu não conhecia me agradaram bastante. Fico sempre muito feliz que pessoas de outras culturas conheçam esse lado musical tão brilhante que o Brasil tem.

Glastonbury festival & the Rolling Stones

02 july 2013


Michael Eavis, criador do Glastonbury Festival. Foto do Jornal The Guardian

Olha só a cara de felicidade do Michael Eavis, o criador do maior festival de música que acontece aqui no Reino Unido no verão todo ano. Em 2013 o festival fez 43 anos e teve a presença dos Rolling Stones, atraindo um público de 100.000 pessoas para o show deles no palco Pyramid.

Michael Eavis, 77 anos, não toca numa gota de álcool por dois meses antes do festival, que acontece na fazenda dele em Somerset. Mas aí então que nesse domingo último, 30 de junho, brindou com champagne o sucesso desse ano, que ele considera o melhor de todos, que trouxe dias ensolarados, e que teve as presenças do Príncipe Harry e da banda sensacional Rolling Stones. O Mick Jagger brincou no palco: ‘finalmente eles convidaram a gente’. E a galera suspirou, derretida em deleite. Ah, como que queria ter visto.

A alegria pelo sucesso nas palavras do Michael Eavis sobre o festival e sobre ter os Rolling Stones esse ano:

Eavis declared himself "absolutely thrilled" and made his ritual declaration that "this really is the best festival we've ever done".
"It's the best thing. It has to be doesn't it? Forty-three years of me; 50 years of them and we've finally come together. We're on the same page at last. Isn't that brilliant?" [theguardian.co.uk]

O festival é imenso, e recebe em torno de 160.000 pessoas, com vários palcos e shows simultâneos. Tem muitas tendas com restaurantes, cinema, banheiros, e todos os serviços básicos, mas a palavra conforto não se aplica ali. Os muitos palcos oferecem opções de estilos musicais diferentes, ficam distantes e é uma caminhada puxada se movimentar de um palco para outro. Há sempre um ganho e uma perda na escolha por uma apresentação. Vimos muita coisa na tv, shows maravilhosos. Eu mesma não vou a um festival desse porte, mesmo, não. Algumas estatísticas: problemas com polícia foi 33% menor, comparado a 2011; e teve 150 prisões até o fim da tarde de domingo.

Nota: esse post é formado por meu conhecimento sobre o festival e uma síntese de uma matéria que saiu no jornal The Guardian ontem, que eu achei interessante compartilhar.

‘home’ através da música e do cinema

27 june 2013

Sábado passado, 22 de junho, trocamos um jantar com mesa reservada no restaurante brasileiro que abriu aqui em Southampton por um evento cultural na Aspex Gallery, em Portsmouth. A cantora Emily Barker e a artista e cineasta Patti Gaal-Holmes, que são amigas desde 2004, apresentaram uma programação cultural maravilhosa, de graça, na galeria.

O nome do evento ‘home’ sintetiza a idéia de que elas estavam falando de onde é e do que se configura o que elas sentem como sendo ‘lar’, ou onde pertencemos, ou onde nos sentimos em casa. Aqui na Europa esse assunto de procedência e identidade é muito forte, por conta do movimento migratorio que acontece.

Primeiro Patti compartilhou sua história. Em seguida Emily Barker falou e tocou, com os filmes acompanhando as canções. Alguns filmes foram feitos para as canções. E algumas canções ganharam o filme depois, nessa parceria criativa e brilhante. Foi a terceira vez que fui a um evento que combinava música com cinema, e achei fantástico. Adoramos o evento e os trabalhos das duas. Fomos antes a dois outros shows da Emily Barker [de quem sou grande fã], um em Winchester e outro em Salisbury; e de vez em quando encontramos Patti e o marido, Marcus, em shows. Povo inspirado, leve, talentoso.

Patti nasceu na África do Sul, para onde o pai húngaro fugiu da guerra nos anos 1940 com a esposa alemã; tem passaporte belga, é casada com um inglês e mora aqui no Reino Unido, em Portsmouth. Ela concluiu o doutorado em filme no ano passado. Faz uns filmes curta experimentais muito bacanas; e passou os meses de outubro e novembro do ano passado na África do Sul, num programa de residência acadêmica para a pesquisa dela, com a idéia de lar e de identidade. Me parece que essa é uma busca de vida.

Emily Barker tocou canções do disco novo e também antigas, com o filme. Ela é australiana, neta de holandeses, casada com um inglés, e mora aqui no norte, em Cotswolds.

Home foi um evento para poucas pessoas, não mais que vinte. Tomamos café e conversamos com elas na galeria depois do evento. Como iriamos no domingo para Londres procuramos um jantar prático e no nosso caminho. Jantamos no restaurante chinês no Gunwharf shopping, a alguns passos da galeria, naquela noite fria e de vento muito forte. Ah, que programa sensacional. Mil vezes alimentar a alma, hein. Hehehe mas hoje vamos ao restaurante brasileiro. Já tô sabendo que é bom o estabelecimento.

vinyl records

20 april 2012

are you buying vinyl records these days? what do you think about it? they said just now at breakfast that people are buying them because they need something 'physical' to see and touch since we no longer need
cds, because we can listen to them on mp3 files.

i was surprised when i first saw vinyl records being sold at concerts here. i thought they belonged in the past, full stop. mike has a massive collection of vinyl records and says the sound is much better than the one from a cd. i am not sure about that. but i think it is interesting to come back to a larger form of organizing music. i actually like it and find it romantic and very musical. i also think it gives us a special mode when we listen to vinyls.

busy week

14 mar 2012

photo taken from my mobile phone

this has been a busy week. it is wednesday and i still have so much to do. last night i didn't sleep well at all. i've been worried about some things. . . can't avoid the worries. can't do much about the problems, either. . . but they stay here with me.
yesterday i had lunch with a bunch of brazilian girls: frances, karla, and ana with her little hugo. what a beauty he is. the chat was very nice.
today i'll have in a few minutes a training session on the viva. still today i need to finish up the draft for some data analysis and send it out to ros. tonight i'll go to laura marlin's show at the guild hall with mike and johnny.
tomorrow i'll have a supervision session with ros. then, i need to finish up preparing the eap lesson for friday. it is almost done already. also tomorrow we'll go to the nuffield theatre for the 'mogadishu' play.
on friday i'll teach 10 to 12. all day there is going to be the hpgc conference, here at the avenue campus. i have a presentation at 4pm at the conference; and a reception at 6pm as part of conference.
hope i have a better night's sleep today. i am fine, trust me :-) am certain the weekend is going to be nice, come rain or shine.

music: stacey kent in basingstoke

about yesterday, 18 june 2011

yesterday we went to stacey kent's wonderful jazz concert at the anvil in basingstoke. we also listened to her great music both ways on the road. what a day and what a night! the day was bright and beautiful when we drove there. the night was ours when we drove back to southampton. it was my third time seeing her show here and the first time with mike, who said he was happy to go to a concert of my choice, to listen to my music.

this show was a transition between her french cd / tour and the new one which should be released soon. she left the concert straight to the studio with her band. she told me she will come round next year with the new cd. i need to mark that one in my diary.

a few days before i sent her a message saying we would go to the show and said where we'd be seated. she spotted me and greeted me from the stage. i was thrilled. she has been to brazil a couple of times for concerts since i last saw her. mike was much impressed to see her treating by my first name. he said 'you two are friends on a first name basis'. during the break she autographed her cds that i have and love. and we had our photo taken.

'. . . quer guardar o mundo em mim' (Caetano Veloso)

she loves our music. stacey said beautiful things about brazil and its people and its music. she sang joao gilberto, jobim, and caetano. she introduced the song 'coracao vagabundo' by saying she fell in love with the lyrics of the song and explained to the audience how it represents the brazilian people who have so much hope and warmth and joy in their hearts. she translated the first lines into english but then sang it in portuguese:

'meu coracao nao se cansa
de ter esperanca
de um dia ser tudo o que quer
. . . ' caetano veloso

i loved the concert, once again. music inebriates my soul.

music: emily barker in winchester

5 may 2011

emily barker and the red clay halo in winchester

emily barker and the red clay halo in winchester

great show tonight at the railway in winchester. emily barker & the red clay halo. she is a guitarrist and song-writer from australia. it is so good to be close to the musician and really feel them making music. this original experience no cd or dvd will ever provide. the girls so reminded me of the dixie chicks. the harmony of the instruments is magic. once again we were sitting in the first row, right there, in the best place. their song 'pulse' is now the opening theme song for bbc two tv series 'the shadow line', a crime and investigation series. pulse is a great song.

before emily barker harp device played as the support band of the night. the link i found to the band is the right one, but it was a different girl singing this time. they are a new band from basingstoke, a city nor far from here. they write and sing their own songs. there is music everywhere in this country, and there are always people coming to the gigs. it is amazing.

music: simone felice in winchester

about yesterday, 13 apr 2011

last night mike, johnny, and i went to see simone felice's show at the railway in winchester. there are always nice gigs at this venue. felice's show was organised by oliver, a friend of mike's. it was my third time at the venue with mike. the show happened in the room upstairs that could fit 80 people, and was sold out. it was really very good. why is it that the artist sounds so different in a show from when we listen to him in a cd? we went to winchester listening to felice's music, but the presence of the great artist was fantastic. (what an obvious observation). simone felice is a young man who already had an open heart surgery. this was last summer, as he told us in the show. we were sitting at the front row, very close to him, and got to give him a hug afterwards. cool! before the show he sat for a little while in the sofa reading this book of his, called "black Jesus". when the concert was finished he remained at the venus autographing the book. mike bought one for himself.

music: tea hodzic trio

17 mar 2011

tea hodic trio at turner sims concert hall 17 mar 2011

tea hodzic trio is based in london and performed today here in Southampton, at the turner sims concert hall. Tea is originally from the Balkans, this region in central europe very much marked with ethnic, religious, and political conflicts: Slovenia, Croatia, Bosnia and Herzegovina, Macedonia, Montenegro, Serbia, plus the autonomous provinces within Serbia: Kosovo and Vojvodina. Tea left former Yugoslavia long ago to establish in london and her trio plays folk music from the balkans. it was very interesting to listen to this music and to observe the trio with a repertoire filled with songs that talked about beautiful girls. Oliver, the violen player who is originally Welsh, said there are no ugly in the balkans, as a joke or course. Luke, from london, plays the accordeon sooo beautifully. it had been very long since i last even saw an accordeon. i really loved to see tradition and history in every sound and tune.

Diana's mother is Serbian. she told her mom she was coming to the concert and her mom got so excited. diana bought mom a cd with the music from her heart. what a night! afterall it is always healing to be able to go back home, even if only in our souls.

film: “Brasileirinho: grandes encontros do choro”

5 june 2010

Brasileirinho - Grandes Encontros do Choro (2005)

Director: Mika Kaurismäki
Writers: Marco Forster & Mika Kaurismäki
Release Date: 23 March 2007 (UK)

Cast
the great brazilian musicians and singers: Teresa Cristina, Paulinho da Viola, Ademilde Fonseca, Zezé Gonzaga, Guinga, Paulo Moura, Luciano Rabelo, Elza Soares, Marcos Suzano, Trio Madeira Brasil, Yamandu

Runtime: France: 90 min
Country: Brazil / Finland  / Switzerland
Language: Portuguese
Filming Locations: Brazil
Company: Marianna Films
Source for info above: imdb

To finish up well a difficult day I decided to stay home and watch a movie. It is the documentary “Brasileirinho: grandes encontros do choro” . the great film directed by Mika Kaurismäki is a pearl among the good documentaries about Brazil and about music. It tells of the beginning of choro, and shows some big names telling stories. It is nice to see the new generations wanting to study and play choro. it wa so nice to listen to the stories and to the fantastic sounds of the music of my Brazil. it might be obvious, but especiallythat day it was super nice to watch the film. if i am not mistaken they did not talk about chiquinha gonzaga, which was a bad surprise to me.

anyway, i was impressed by the young musicians learning from the older generations and much into the spirit of the music. i love Yamandu. i would love to be able to play a musical instrument, preferably the guitar. wish i could sing, too.
*sigh*

ole: juan martin flamenco dance ensemble

13 may 2010

acabei de chegar do turner sims. ainda tenho que arrumar mala pro final de semana em londres, mas nao aguento e vou falar aqui. as fotos ficam pra depois. so uma por enquanto. fui com diana, mathilde, agota, e simon.

apresentacao do 'juan martin flamenco dance ensemble'. musica flamenca sensacional.
tao intenso
tao lindo
tao dramatico
tao estranhamente leve

o juan martin toca o violao dele, tem um flautista muito legal e um cantor de tirar o folego. eu queria trazer ele pra mim. e tem mais um casal de dancarinos de flamenco. eh impressionante como eh tudo tao intenso e dramatico e no final nao fica nada pesado. a sintonia entre eles eh magica e eles jogam com as maos e os olhares tudo que viveram na musica. adorei.

musica com influencias judia, arabe, e flamenca. uma riqueza de culturas na musica deles. parece um lamento, uma dor profunda, um sentimento extravasado. o juan martin contou que foi cantar no aniversario de 90 anos do picasso. preparou um repertorio todo bem elaborado. quando chegou la disseram pra ele: 'simplesmente interprete as obras que estao na parade'. ele disse que o que saiu foi rock - jazz - flamenco. morremos de rir. muitos aplausos e vibracao da plateia, teatro lotado.

*suspiro*
toca de novo.

abre alas pra minha folia

12 February 2010

Carnival

I just realized that these are carnival days in Brazil. I believe I try not to be connected with events which are very different from here because they show me that I am in a different world. This is, at times, slightly disturbing to me.

Another thing I just became aware of, and which always make me feel heartbreaking is that today is the 12th of February. Well, the day after tomorrow – the 14th Feb – my brother Henrique would turn 49 if he hadn’t passed away at age 28. See, too bad. Maybe I have been away from this blog because sometimes the free writing leads me to pain, not to join.

Well, let’s try and come back to carnival. I don’t remember have been a super carnival enthusiast, but it is very obvious that the beauty, the joy and the good energy that it makes us all feel in Brazil these days is contagious. I like to dance, to watch the wonderful parade in Rio, to see the carnival aficionado people who fully stop leading a serious life to devote these days to, just as seriously, let go of imagination, freedom, joy, opportunity for redemption, really. I find it so healing. Honestly, going to the streets to dance and play along with your peers dressed up in whatever disguise you think fit your mood that year can only be great.

Pernambuco, particularly Recife and Olinda have a fantastic tradition of putting an enormous number of people in the streets. These people remain there for soooo many hours, standing and dancing. Yes, it ought to be a soul cleansing and spiritual development ritual. Olinda has those giant dolls, of which I used to be very afraid. The maracatu, the frevo, and the other many peculiar traces of the local history are indeed very good to see.

fly me to the moon

20 mar 2009

cynthia filmed me singing 'fly me to the moon' and jenny dancing to it at out prg kitchen on the avenue campus. we had lots of fun doing the video. click here for the video.

arakatuba - great music

The Soton Times - 13 Jan 2009‏ (as it was sent by email)

From: Kalina Lima (kalinasaraiva@hotmail.com)
Sent: Tuesday, January 13, 2009 2:08:10 PM

Arakatuba

ontem, dia 12 de janeiro, eu vi um show de musica brasileira que me jogou numa orbita magica e de onde eu gostaria de nao precisar sair mais.

seguinte: as segundas-feiras eu tenho aula de 'Descrition of Language' no Highfield campus, de 11 da manha a 1 da tarde. 1 da tarde temos reuniao do curso no outro (nosso) campus, o Avenue campus, que he onde fica o centro de humanidades http://www.humanities.soton.ac.uk/.

bom, assisti minha aula na boa. a aula terminou 15 pra 1. estavamos todos nos dirigindo pro outro campus, quem tinha levado guarda-chuva (como eu) estava abrigado da chuva, quem nao tinha se encostava em alguem ou ia mesmo na chuva. eu ja fiz isso muitas vezes e eh muito eh bom.

la vou eu quase subindo uma escadaria antes de entrar na floresta, e la vem na direcao contraria quatro pessoas: a americana Cassandra, e tres alemaes: a Gabi (professora aqui), o Hauke (aluno aqui) e uma outra menina que conheco muito mas nao sei o nome. bom, esse povo eh de Transnational studies. http://www.transnational.soton.ac.uk/ tudo gente que adora as culturas mundo afora, e america latina em especial. Cassandra e Hauke falam portugues. Cassandra fala muuuito bem mesmo. nao falei muito com o Hauke ainda em portugues, mas sei que ele estuda e tem interesse no brasil e tal e coisa.

entao, a Cassandra me perguntou ali se eu nao tinha recebido a mensagem que ela me mandou. eu falei que nao, pensando que tinha sido por email. ela tinha me mandado pro celular, mas eu nem olho pra celular durante o dia. ele fica no silencioso quase sempre. eles estavam indo pro Turner Sims Hall, um teatro lindo no campus, pra ver um show de musica brasileira. e me arrastaram. eles estavam tao empolgados com o programa, e eu ando tao cheia de coisas .. . . e leituras. . . e prazos. . . e tal. . . que nao tive duvida: dei meia volta e fui pro teatro com eles. nao tive tempo de avisar ninguem. eu na fila pra entrar no teatro e pensando no Adiel, que deveria talvez estar no campus, mas nao tive nem tempo de ligar pra ele.

entramos no teatro - LIIINNNNDO - e sentamos quase na frente. teatro quase que completamente lotado. eu fiquei impressionada, por todas as razoes: horario, falta de anuncio, musica brasileira. . . essas coisas. mas o teatro estava lotado e povo notadamente feliz com a performance do grupo.

a apresentacao foi SENSACIONAL!! a primeira musica que eles tocaram foi um chorinho da Chiquinha Gonzaga. a banda - Arakatuba - eh coordenada por um moco chamada Bosco de Oliveira. eles falou em bom ingles entre as musicas, antes do show, explicando o ritmo, a letra, o autor, uma beleza! assim que terminou a primeira musica ele explicou que ela eh composicao da primeira feminista Brasileira, Chiquinha Gonzaga, e que foi composta em 1897. falou que eh um tango brasileiro. eles tem tantos instrumentos de percussao sensacionais. eu nao sei nem os nomes, nao sei mesmo, mas o efeito, o som, fiquei encantada com tudo. e gostei de ver umas mocas bem novinhas ali na fila da frente puxarem um aplauso caloroso no meio da musica. ah, entre os instrumentos tinha um pau de chuva, bem pequeno, lindo. ate pau de chuva pode ser pequeno - hehehehe. nao resisto e tenho que comentar :-)

publico suuuper atento e silencioso pra sentir mesmo a musica. eles tocaram Paulinho da Viola, Baden Powell, Villa Lobos, Paulinho da Viola, tocaram uma gafieira, e composicoes do Bosco tambem.

o clima do show me invadiu e quando eu estava sentada ali no auditorio so um pensamento me ocorreu: a melhor coisa da minha vida eh ser brasileira. como nos temos alma!!!

infelizmente eu nao pude esperar ate o fim do show. sai as 15 pras 2, porque ia trabalhar as 2 horas. mas a menina alema me disse mais tarde que eles tiveram que terminar as 2 e tal. mas eu queria ter falado com eles. eu ainda disse 'chorinho' quando ele tava falando da Chiguinha Gonzaga sem usar essa palavra. . .

ai vim PILHADA caminhando de volta pro meu campus, toda feliz e visivelmente alegrissima! o povo que me via ria e eu sai contando pra todo mundo que tinha acabado de ver uma show de musica brasileira. meu amigo de Taiwan disse (porque eu nao fui pra nossa reuniao pra ir pro show): 'that's ok'. eu cheguei aqui no campus e corri pra comprar um sanduiche de salmao e uma coca, porque tava ficando atrasada e precisava comer alguma coisa. encontrei meus alunos no restaurante. eles fizeram a festa, pq estavamos nos vendo pela primeira vez esse ano. eu falei pra ele sque talvez me atrasasse uns 3 minutos. ai eles me disseram que eu poderia me atrasar 10 minutos, rindo (aluno eh do mesmo jeito em todo lugar).

comi e fui trabalhar. feliz!!!! parece que o show deu uma carregada nas minhas baterias, mas tao grande que eu nem sei explicar direito. quando eu sai eles estavam tocando Edu Lobo: currupiao. quando eles falaram em Edu Lobo fiquei pensando na minha mae, que adoooora o Edu Lobo. ai fui embora com esse sentimento de leveza, de agradecimento a Deus por ter dados ah Benilde e ao Mamede a sorte de me fazerem nascer brasileira. JUUURO que pensei nessas coisas. sim, ai sai serelepe e PILHADA - parece que essa palavra chega perto do que senti, e cantando, ate hoje eu vim cantando na rua: 'Upa neguinho na estrada, upa pra la e pra ca. . . vixe que coisa mais linda. . . upa neguinho comecando a andar comecando a andar . . .' e tal!

ontem de noite eu fiz uma pesquisa no google sobre esse povo. tem um site onde a gente escuta a musica otima deles, de graca, mas so se a pessoa estiver nos estados unidos. (nao se pode ter tudo).

durante o show inteiro nos dancamos nas cadeiras, vibramos, e eu olhando pros alemaes com cara de boba engracada pela propria cachaca. que bom viver isso! que bom que existem pessoas que leem (sem acento - ui!) a identificacao com o mundo pela leitura da alma, dos sons. eh ler de olhos fechados. magica pura!!!!!!!

abracos felizes,

Kalina