about yesterday 16 june 2011
ontem fomos assistir o otimo documentario ‘
senna’ no
harbour lights. a producao franco-americana de 2010 mostra a vida e a carreira do melhor piloto de formula um de seu tempo, com cenas ineditas de videos da familia e muito mais. o filme mostra tambem os bastidores da formula um e suas reunioes, varias vezes tensas e que dao uma ideia da pressao que ele recebia nesse mundo que, como senna diz, eh cheio de politica e de dinheiro, diferente do comeco da sua carreira, ainda como o corredor de kart Ayrton Senna, que ele menciona numa entrevista anos aa frente de muito que passou.
varias cenas me fizeram lembrar do nosso senna e de como nos, brasileiros, estavamos inconsolaveis com uma morte tao prematura, absurda e anaceitavel, como se a morte pudesse ser inaceitavel. foi mais uma dessas despedidas dolorosas em que a gente fica querendo ser magico e bem poderoso para traze-lo de volta, mas a vida nao nos da esse poder.
eu fiquei pensando em como, quando ele ta ganhando um mundial de formula um, vencendo, tendo ultrapassado varios pilotos, ele ja se sabe vencedor e diz que foi Deus que lhe deu a vitoria. um homem que alcanca o sucesso mais almejado e grandioso, um titulo mundial, e diz que foi Deus, revela uma humildade que so as almas boas tem, a de nao se sentir Deus. achei muito bacana ele dizer que ainda tinha muito o que aprender como homem, que aos 30 e poucos anos de idade talvez estivesse na metade de sua vida, que a carreira de piloto poderia nao durar mais muito tempo, mas que ele precisava ainda aprender muito mais coisas da vida. nas entrevistas ele revelava o que sentia, nao se ocupava de passar imagem de grande. muito, muito linda a cena quando ele vence em interlagos e desmaia, tem dores insuportaveis nos ombros e mal consegue se mexer. a equipe o ajuda a sair do carro e quando, nos bastidores, ele ve o pai, pede que o pai chegue perto dele e lhe de um abraco suave. esse momento foi magico.
as vitorias, os milhoes e o sucesso nao tiraram o sorriso leve da pessoa integra e profissional que senna era. foi bom ve-lo tambem sabendo se proteger e se colocar, como mostra uma das discussoes das reunioes, e algumas entrevistas. antes e por tras de cada vitoria ha um mundo pra se vencer que a midia nao consegue mostrar; ofoco eh sempre em um aspecto apenas. muito bacana ver a tragetoria da carreira dele e as passagens pela toleman, onde estreou em 1984, depois a lotus, a mclaren e finalmente a williams, com muitas vitorias, de premios em paises diferentes e de mundiais. mas eu senti falta de saber mais sobre a vida diaria de treinos dele e do trabalho com o nuno cobra, seu preparador fisico.
o documentatio traz cenas do brasil muito miseravel daquela epoca, epoca de verdades ainda escondidas na nossa historia. eu fiquei chocada com o contraste e tomei um susto, de verdade. quando a gente nao ve a miseria com frequencia, se esquece que ela existe. nos, brasileiros, nao duvidamos que ela exista, mas o conforto da vida nos distancia dessa realidade perversa e contrastante que existe no brasil. o filme tem a participacao efetiva da irma dele, viviane senna, narrando fatos e acrescentando informacoes. ela aparece em imagens numa cena breve de familia e no final, no velorio. quando vi o caixao meu coracao doeu, parece sempre o susto do indesejado evento. chorei, chorei muito assistindo o filme, que tinha o pouco publico de quase sempre no harbour lights. e agradeco muito ao mike pela mao calorosa segurando a minha o tempo todo.
e a chuva, sua companheira maravilhosa? ah, a chuva!